Após 11 semanas de crescimento gradativo, número de testes positivos para Covid-19 cai no Ceará

Queda foi registrada no período entre os dias 18 e 24 de abril, uma semana após “pico” de testes positivos

O número de testes que resultaram positivo para a Covid-19 vinha aumentando gradativamente no Ceará desde o último mês de fevereiro. No entanto, desde 11 de abril, as taxas de positividade parecem ter desacelerado. É o que indica a plataforma IntegraSUS, do Governo do Estado.

Segundo as estatísticas, o maior acumulado de exames que atestaram positivo foi registrado na semana epidemiológica 15, ou seja, entre os dias 11 e 17 de abril. Nesse período, 19.719 (50,48%) dos exames feitos e contabilizados pelo Estado resultaram positivo, frente a 19.345 (49,52%) que negativaram para a infecção pelo novo coronavírus.

Logo após essa semana, entre os dias 18 de abril e o último sábado (24), o número de positivos caiu para 13.585 (45,75%), enquanto que o de negativos ficou em 16.112 (54,25%).

O universitário Mateus Teixeira, 19, foi um dos que positivaram recentemente. Ele é de Itapipoca, município cearense que, ao longo de toda a pandemia, acumula 7.578 casos confirmados da Covid-19, 1.311 casos em investigação e 208 óbitos.

Mateus acredita ter se infectado em uma agência bancária da cidade. “Sempre está lotada. O horário reduzido de funcionamento não diminui aglomeração, nem fora, nem dentro”, diz. A positividade para a doença, ele conta, foi confirmada num teste de farmácia feito após observar sintomas como espirro, dor nas costas e febre leve. “Escolhi fazer o exame na farmácia porque o resultado saía bem mais rápido. Minha rotina vem sendo isolado, no quarto, seguindo as prescrições médicas”, compartilha o universitário.

Sensibilidade das estatísticas

Para a epidemiologista, virologista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Caroline Gurgel, os dados têm de ser analisados com cautela. Ela ressalta, por exemplo, que, devido à circulação de outros vírus respiratórios neste período do ano, nem todos com sintomas semelhantes aos da Covid-19 recorrem a farmácias, drive-thru ou laboratórios para diagnosticar a infecção. “Existem [outros] fatores influenciando [os dados]”, observa.

“Se você está com uma quantidade enorme de testes positivos, isso é ‘bom’ porque você consegue ter um panorama mais fidedigno da doença para realizar acompanhamento, ver os contatos [do infectado]”, afirma a especialista. Ela cita o exemplo do município de Eusébio, que firmou parceria com a Fundação Fiocruz para aumentar sua capacidade de testagem.

Eusébio está se mostrando exemplo, Está fazendo testagem em massa, isolando os doentes, entrando em contato com os contactantes dos casos positivos e, inclusive, fazendo o acompanhamento desses pacientes. Isso é que deveria ser realizado em todos os municípios”.
Caroline Gurgel
Epidemiologista, virologista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC)

Falsos negativos 

Caroline Gurgel atenta ainda para outro problema relativo aos exames para detecção da Covid-19. Segundo ela, há uma quantidade de “falsos negativos” que atrapalha as análises.

“O que está acontecendo e é muito comum é que as pessoas ficam ansiosas para fazer o teste assim que sabem que tiveram contato com um caso positivo. Isso está errado porque você vai estar contribuindo para o aumento de falsos negativos. E, além disso, faz com que aquela pessoa acredite que realmente está negativa, o que acaba expondo outros indivíduos”, diz. 

Aconselhando que “as pessoas precisam entender o momento correto de realizar o teste”, a epidemiologista indica que os exames de PCR, principalmente, devem ser feitos de dois a três dias após o início dos sintomas. Já o sorológico necessita de um tempo maior, visto que busca detectar a quantidade de anticorpos no sangue. “E o que eu oriento? Fez o teste com pouco tempo de sintomas, repita três dias depois. Tem muitos casos em que a pessoa fez [o exame de] sorologia, deu negativo e, quando fez o PCR, deu positivo”.