Fortaleza, Ceará e FCF devem aderir a projeto do Governo Federal e da CBF para segurança no Castelão

Ministro da Justiça e Presidente da CBF participaram de lançamento do Projeto Estádio Seguro

Fortaleza, Ceará e Federação Cearense de Futebol devem aderir ao Projeto Estádio Seguro, cujo foco é melhorar a segurança nas praças esportivas através da ampliação do monitoramento e cruzamento de dados. O modelo, desenvolvido pelo Ministério do Esporte em parceria com o Ministério da Justiça e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), já é usado no Maracanã desde 2022, como piloto. Em novembro, deve ocorrer uma reunião para discutir com o Governo do Estado a implementação na Arena Castelão.

As entidades assinaram o acordo de cooperação para a implantação no dia 20 de setembro. Além de Flávio Dino, Ministro da Justiça e Segurança Pública, estavam presentes André Fufuca, Ministro do Esporte, e o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. A solenidade ocorreu em Brasília, no último  dia 20 de setembro. A parceria será de 60 meses (cinco anos). Todas as 27 federações foram chamadas a participarem do programa. O ingresso é facultativo.  

Como vai funcionar o Projeto Estádio Seguro? 

O objetivo é disponibilizar aos clubes que organizam as partidas de futebol o uso de uma tecnologia para identificar torcedores com mandados em aberto, com algum impedimento judicial ou dadas como desaparecidas. Na prática, o dispositivo vai funcionar no momento da leitura do ingresso. Se o sistema identificar algum torcedor procurado, a ferramenta bloqueia a catraca eletrônica do estádio. Nenhum recurso federal será repassado pelo Ministério da Justiça ao projeto. 

"Pode ser utilizado por outras modalidades esportivas, o acordo para todo o mundo do esporte. Porque ele permite o diálogo de sistemas, em que ingressos com CPF vão permitir a consulta da base de dados da segurança pública, na qual temos, por exemplo, mandados de prisão em aberto. Houve alguns testes que mostraram a eficácia desse sistema no cumprimento de mandados. Será possível também dar efetividade às sanções de afastamento de estádio, porque teremos uma base nacional que será consultada via sistemas e, com isso, quase que em tempo real, é possível identificar ameaças e melhorar a eficácia das polícias", explicou o Ministro da Justiça, Flávio Dino.

"Este acordo reforça nosso compromisso de desenvolver o futebol brasileiro, com a consciência de que deve ser uma ferramenta à serviço da sociedade e potencializar a experiência positiva do Projeto Estádio Seguro, que já está em funcionamento no Maracanã. Queremos fazer um trabalho para que todos os clubes de todas as divisões possam aderir", disse o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

Além de mobilizar suas estruturas, tanto o Ministério do Esporte quanto o da Justiça, em parceria com a CBF, vão possibilitar e fomentar o cruzamento de dados para melhorar a segurança, combater o cambismo, além de outras medidas. O governo também vai disponibilizar aos clubes auxílio técnico para a instalação e integração da plataforma.

Clubes e Federação

Na última terça-feira (26), torcidas do Fortaleza protagonizaram cenas de violência nas arquibancadas da Neo Química Arena, antes e durante o jogo contra o Corinthians, pela semifinal da Sul-Americana. Por meio da assessoria de imprensa, o Tricolor do Pici  informou que vai apoiar qualquer medida de segurança vinda do governo Estadual ou Federal. O presidente Marcelo Paz lamentou o ocorrido e se manifestou a favor da implantação da biometria facial. 

"As pessoas que brigaram na arquibancada não representam o Fortaleza, nosso valores. Estou envergonhado com aquilo. (...) Peço a ajuda da Secretaria de Segurança Pública do nosso Estado, Ministério Público, que são atuantes e parceiros, para identificar essas pessoas, para que elas não façam mais parte dos jogos de futebol. Que a gente tenha em breve no nosso estádio, o reconhecimento facial, para poder impedir que estas pessoas não entrem no estádio", disse o presidente do Tricolor.

Veridiano Pinheiro, diretor de eventos e atividades sociais do Ceará, também vê a iniciativa de forma positiva. "É mais um mecanismo para proteger as famílias que frequentam nossos jogos, mantendo um ambiente seguro, longe de pessoas que estão em débito com a Justiça. É fundamental reforçar que essa tecnologia de identificação, que exige um investimento alto, precisa vir acompanhada de uma estrutura de delegacias especializadas para que o processo seja executado de forma integral e correta", ressaltou.

Presidente da FCF, Mauro Carmélio acompanhou o lançamento do "Estádio Seguro". A entidade vai se reunir com Ceará, Fortaleza e Governo do Estado para discutir a participação de cada entidade diante das mudanças de acessos à Arena Castelão e de segurança. A previsão é de que o encontro ocorra em novembro. Procurado, o Ceará não se manifestou sobre o tema até a publicação desta matéria. 

"Nós, do Ministério do Esporte, vamos trabalhar incansavelmente para que a pauta de hoje seja levada não apenas aos maiores estádios do Brasil, mas aos pequenos e médios, onde também acontece o futebol e onde também deve haver segurança pública", finalizou o Ministro do Esporte, André Fufuca.

Em 2022, 252 pessoas foram autuadas por crimes cometidos durante jogos de futebol realizados na Arena Castelão. Os dados são do Núcleo do Desporto e Defesa do Torcedor (Nudtor), do Ministério Público do Ceará.