Gritos homofóbicos foram registrados durante o jogo entre Fortaleza e Coritiba na noite deste dommingo (27), no Estádio Presidente Vargas, em jogo válido pelo Brasileirão. Parte da torcida tricolor proferiu ofensas de cunho preconceituoso contra torcedores do Ceará. As ações foram flagradas em vídeo. O Coletivo Canarinhos prepara uma denúncia para o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) contra o ato.
O Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+ congrega várias torcidas do segmento pelo país, com o objetivo de combater a lgbtfobia através de ações, promover a inclusão e a diversidade. O grupo também recebe denúncias sobre esse tipo de crime que ocorre em estádios, mas também em outros ambientes do futebol.
“Quando o árbitro não registra em súmula, o Tribunal não toma conhecimento. Quando o árbitro registra, vai direto. No caso, alguém precisa notificar o tribunal. A gente cumpre esse papel. Eles recebem a notícia de infração, é distribuída para um procurador, que avalia se apresenta denúncia ou não. Caso apresente, o clube vai a julgamento e pode ser enquadrado numa série de dispositivos que versam sobre a temática dentro do futebol e fora dela. Mas em especial o CBJD (Código Brasileiroe de Justiça Desportiva). Nós temos o Regimento Geral de Competições da CBF, a Lei Geral dos Esportes e também a equiparação que o STF fez sobre crimes de injúria lgbtfóbica e lgbtfobia”, disse Onã Rudá, fundador do coletivo e membro do Grupo de Trabalho da CBF que debate lgbtfobia, racismo e violência no futebol.
"A gente tem uma série de dispositivos para acionar esses órgãos. O que a gente espera é que elas se posicionem de forma a combater e a punir esse tipo de conduta. A gente tem um sistema que monitora e faz esse acompanhamento", completou.
Os cânticos aconteceram tanto no primeiro quanto no segundo tempo do duelo contra o Coxa, no PV. As imagens foram registradas por um membro do coletivo presente no estádio, que preferiu não se identificar. A mesma situação ocorreu no duelo contra o Bragantino, também em jogo da Série A, mas no Castelão.
O Fortaleza não se manifestou por meio de nota, mas informou que realiza campanhas de conscientização junto à torcida. Inclusive pontua que em jogos anteriores não houve cantos homofóbicos.
O que diz a Fifa?
A Fifa recomenda que o/a árbitro/árbitra responsável interrompa o jogo quando identificar gritos homofóbicos. No entanto, o caso não chegou a ser registrado em súmula por Matheus Delgado Candançan, responsável pela partida deste domingo.
Em 2022, de acordo com o Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+, 74 casos foram registrados e dez clubes foram a julgamento por homofobia no STJD.
Em nota divulgada numa rede social nesta segunda-feira (28), a Torcida Tricoletes, primeira LGBTQIAPN+ do Fortaleza, se manifestou sobre o tema.