Seja pelo sabor adocicado ou pela versatilidade de preparo na cozinha, a lichia virou comum no Brasil desde 1970, quando saiu do mercado chinês, se expandiu na Península da Malásia, Bornéu e Filipinas para ganhar consumidores em solo brasileiro.
Denominada cientificamente como Litchi chinensis, ela é uma fruta da espécie do gênero botânico Litchi, pertencente à família Sapindaceae, conforme explica a bióloga Rayanne Ribeiro*. "É um fruto que vem da mesma família do nosso guaraná, por exemplo, que é tipicamente brasileiro", pontua ela.
Atualmente, a lichia é cultivada em mais de 20 países, além de ser conhecida pelas propriedades benéficas ao corpo humano e pela alta quantidade de nutrientes, compostos fenólicos e ações antioxidantes.
Características
Para falar da lichia, claro, é importante falar sobre a planta que a produz. A lichieira, como é chamada, pode atingir de 10 a 12 metros de altura, com uma copa arredondada e galhos que, frequentemente, apresentam formato em V.
Além disso, a árvore da qual o fruto é proveniente tem a tendência de desenvolver ramos voltados para baixo. As folhas são compostas com 4 a 7 folíolos e têm uma coloração verde-escuro na superfície superior e verde-acinzentado na superfície inferior.
"Já o fruto é uma drupa vermelha de formato, em geral, redondo que tem um sabor doce, suculência e é nutricionalmente muito rica. Pode ser consumida fresca, mas é, também, utilizada para fabricação de sucos, geleias, sorvetes, compotas, iogurtes e bebidas", explica Rayanne.
Quais os benefícios da lichia
Rico nutricionalmente, a lichia possui atividades antioxidantes, anticancerígenas, hiperlipidêmicas e até mesmo imunológicas. Repleta de compostos fenólicos como antocianinas e flavonoides, a lichia também possui minerais como potássio, magnésio, fósforo e vitamina C.
Além disso, têm propriedades antioxidantes que auxiliam no combate à obesidade e diabetes, também protegendo contra doenças cardiovasculares.
Nesse último ponto, por exemplo, os principais agentes auxiliadores são os flavonóides, proantocianidinas e antocianinas.
Por conta da alta potência antioxidante, o fruto ajuda a controlar o colesterol ruim, prevenindo a aterosclerose ou até mesmo reduzindo o risco de doenças cardiovasculares, como é o caso do infarto do miocárdio ou derrame cerebral. Entretanto, esses não são os únicos benefícios. Confira os demais:
- Previne doenças do fígado por conter compostos fenólicos como epicatequina e a procianidina. Dessa forma, reduz danos causados por radicais livres nas células do órgão;
- Consegue combater a obesidade porque ajuda a aumentar a queima de gorduras com a ação antioxidante;
- A lichia também ajuda a melhorar a aparência da pele, já que tem na composição vitamina C e antioxidantes. Dessa forma, combate radicais livres que causam o envelhecimento da pele;
- A vitamina C presente na lichia, em conjunto com o folato, também estimula a produção de glóbulos bracos, que previnem e combatem infecções no corpo humano;
- Além disso, também pode ser agente benéfico no combate ao câncer, segundo estudos de laboratório que apontaram eficácia contra células do câncer de mama, fígado, colo do útero, próstata e pele.
Ajuda na diabetes?
Apontada como uma grande aliada no tratamento da diabetes, a lichia utiliza compostos como o oligonol para regular a glicose no metabolismo, controlando os níveis de açúcar no sangue.
"Alguns efeitos foram verificados em estudos recentes, de 2018, em que se mostrou a regulação dos níveis de açúcares no sangue e nos músculos, por exemplo. Devido aos efeitos hipoglicêmicos, a fruta não deve ser consumida em excesso", reforça a bióloga.
E no intestino?
No intestino, a ação da lichia é diversa. Na evacuação adequada, por exemplo, a fruta consegue auxiliar por ser rica em fibra alimentar.
Enquanto isso, é importante no combate aos vermes intestinais, já que possui propriedades adstringentes, e elimina bactérias nocivas do intestino por conta da vitamina C.
Como plantar
Por conta do porte elevado, os locais pequenos não são recomendados para o cultivo da lichieira, o que impossibilita a plantação em espaços como apartamentos, por exemplo.
Em espaços maiores, é muito importante o contato com o sol, além de que também é interessante a utilização de uma muda já enraizada obtida em viveiros. A adubação, vale lembrar, precisa ser realizada na maneira correta
Os cuidados, claro, também são bastante específicos. "A planta, no entanto, exige temperaturas adequadas, em geral, até 25ºC, variável para o período de floração e frutificação", continua a profissional. A colheita, ela revela, ocorre geralmente entre dezembro e janeiro, sempre em um curto período.
Como comer
Ainda segundo Rayanne Ribeiro, comer a lichia não é uma tarefa complicada. Retirada a casca, pode-se consumir a polpa, lembrando sempre descartar o caroço.
"Apesar disso, também é comum mencionar que o caroço pode ser seco e consumido em pó em preparações como chás", lembra. O recomendado, por conta da capacidade de diminuir o açúcar no sangue, é comer de três a quatro furtos desse por dia.
Confira receita de suco de lichia:
Ingredientes
- 3 lichias descascadas;
- 1 copo de água filtrada;
- 5 folhas de hortelã;
- Gelo.
Modo de preparo
Retirar a parte branca da fruta, que é a polpa da lichia. Logo depois, coloque todos os ingredientes no liquidificador e bata para servir em seguida.
*Rayane de Tasso Moreira Ribeiro é Bióloga (UFC), Mestra (USP), Doutora e Pós-Doutora em Botânica (UFRPE). Além disso, é professora (SEDUC-CE) e coordenadora assistente da Iniciativa de Guias de Campo do Museu Field de História Natural (Keller Science Action Center, Chicago, EUA).