A morte do ator francês Alain Delon, aos 88 anos, neste domingo (18), deixa “um vazio abismal que nada nem ninguém poderá preencher” na atriz Brigitte Bardot, 89, amiga pessoal dele.
Em mensagem escrita à mão e publicada no X, ela afirma que Delon “representou o melhor do 'cinema de prestígio' francês” e foi “um embaixador da elegância, do talento e da beleza”.
“Perco um amigo, um alter ego, um cúmplice”, emendou a atriz, lenda viva do cinema do país. Os dois se conheceram em 1958, no estúdio Harcourt, em Paris, numa sessão de fotos. À época, eles começavam a ser mundialmente famosos por seu carisma e beleza.
Juntos, os dois atores protagonizaram "Les Amours célèbres" (1961), de Michel Boisrond, e "Histoires extraordinaires", codirigido por Federico Fellini, Louis Malle e Roger Vadim, em 1968.
Em sua carreira, Delon estrelou clássicos, ganhou prêmios e consagrou seu nome entre os maiores da sétima arte.
Um dos maiores galãs da história do cinema, o ator ficou debilitado após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), em 2019, e sofria de um linfoma.
“Ele faleceu pacificamente em sua casa em Douchy, cercado por seus três filhos e sua família", escreveram em nota os filhos Alain Fabien, Anouchka e Anthony. A família pediu que a privacidade seja respeitada "neste momento extremamente doloroso".
Quem foi Alain Delon?
Alain Fabien Maurice Marcel Delon nasceu em 8 de novembro de 1935, em Sceaux, Hauts-de-Seine, na França. Quando jovem, trabalhou como aprendiz de açougueiro com o pai. Abandonou os estudos aos 15 anos e, aos 17, se alistou na marinha francesa e lutou na Guerra da Indochina.
Dispensado em 1955, se mudou para Paris e passou a fazer pequenos trabalhos como porteiro, garçom e vendedor.
Reconhecidamente belo, ele conheceu e se relacionou com jovens nomes da cena cultural da França. Tornou-se amigo de Jean-Claude Brialy, um dos atores de maior destaque no cinema francês no final dos anos 50.
Em 1957, Brialy convidou o jovem Delon, então com 21 anos, para visitar o Festival de Cannes. Por lá, Delon foi convidado pelo lendário produtor David O. Selznick (de “E o vento levou”) para tentar uma carreira em Hollywood. Ele só precisava aprender a falar inglês.
Porém, no mesmo ano, o ator conheceu o diretor francês Yves Allégret e foi escalado para seu primeiro projeto nos cinemas: “Uma tal condessa” (1957). No ano seguinte, foi contratado para “Basta ser bonita” e “Cristina” - este segundo seu primeiro papel como protagonista.
A carreira de Delon durou 62 anos. Em 2019, pouco antes do AVC, ele recebeu uma Palma de Ouro honorária no Festival de Cannes. "Se hoje eu sou uma estrela, devo ao público e a mais ninguém", disse na ocasião.