A partir deste ano, o estudante que ingressar no ensino médio da rede pública estadual vai receber um tablet e um chip de conexão à internet. Essa é uma das ações mais substanciais do programa Educação Conectada, do Governo do Ceará, que pretende integrar tecnologias e modelos inovadores de ensino à sala de aula, seja ela física, remota ou híbrida.
De acordo com a titular da Secretaria estadual da Educação (Seduc), Eliana Estrela, os desafios enfrentados pela rede pública de ensino durante a pandemia de Covid-19 intensificaram a compreensão da gestão de que é preciso “usar a tecnologia em nosso favor, de forma positiva”, especialmente no que diz respeito à recuperação da aprendizagem no último ano.
A gente precisa recuperar a aprendizagem, que a gente considera que ficou um pouco perdida, deixando a desejar. E essa recuperação vai se dar com [aulas no] contraturno e tecnologias. Os meninos vão ter mais oportunidade de fazer pesquisa”
Neste momento, estão sendo entregues pelas escolas os tablets dos estudantes do primeiro ano do ensino médio. Passada essa etapa, serão entregues os do segundo e do terceiro ano.
Além dos tablets e dos chips para os estudantes, que, somados, desde o ano passado, demandaram um investimento de mais de R$ 122,8 milhões, a pasta estadual informou ter investido R$ 6 milhões em compra e distribuição de kits de gravação de aulas (computador, câmera e tripé) a professores das 728 unidades de ensino do Ceará, entre escolas estaduais, Centros de Educação de Jovens e Adultos (Cejas) e Centros de Idiomas (CCIs).
Agente de inovação nas escolas
Em março deste ano, a Seduc fez também um chamamento público para contratar “Agentes de Gestão da Inovação Educacional”. Um cargo novo, que, segundo a secretária Eliana Estrela, vai inserir nas escolas profissionais capacitados para trabalhar com tecnologias e novas metodologias educacionais e apoiar a gestão escolar e os professores “no planejamento e na implementação de práticas inovadoras relacionadas ao ensino remoto e híbrido”.
“Eles vão contribuir pra isso, pra essa formação. Muita gente, até de outras formações, [antes da pandemia], não tinha essa habilidade [com o uso de tecnologias]. Até porque existia um outro formato de trabalho”, justifica a gestora.
O valor da bolsa de extensão tecnológica, que exige especialização, segundo a chamada pública, é de R$ 1,3 mil mensais para cumprir 20 horas semanais ou R$ 2,6 mil mensais para 40 horas semanais. O resultado do edital saiu em abril, com 71 profissionais classificados.
Notebooks para professores
No intuito, também, de transformar as escolas públicas em espaços cada vez mais conectados, está em tramitação a compra de 28 mil notebooks para professores de unidades estaduais. Apesar de o processo ainda estar ocorrendo, a Seduc projeta que cada equipamento deve custar em torno de R$ 2 mil, o que vai demandar um investimento de, no mínimo, R$ 56 mil.
Todos esses recursos financeiros, segundo a secretária da Educação, são alinhados entre Estado e municípios, que também trabalham na elaboração de conteúdos digitais e na parceria com plataformas educacionais virtuais.
Ela também assegura que as estruturas físicas das escolas estão passando por reformas e afirma que todas já adquiriram Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para se antecipar a um possível retorno às atividades presenciais no segundo semestre.
“Mesmo com esse retorno [presencial], quando for possível, eles [estudantes] vão precisar ainda [dos recursos tecnológicos utilizados nas aulas remotas e híbridas]. Tecnologias, tablets e livros vão ser importantes”, defende a secretária.