É bem ali, ao redor do farol velho cantado por Ednardo, que moradores do bairro Cais do Porto, em Fortaleza, tem plantado mudas de milho, feijão, jerimum e macaxeira. Essa iniciativa de plantio estimulada pelo Projeto Serviluz Agroecológico se espalha de modo similar em diversos pontos do bairro.
A ação é tocada pela Associação de Moradores do Titanzinho buscando construir um território mais verde na cidade, fortalecendo redes de afeto e de cuidado, aponta um dos integrantes da associação, Pedro Fernandes, 40 anos.
É muito ruim as pessoas só terem asfalto e concreto. A gente quer trazer esse contato de novo com a natureza. Vai custar a mudar essa formatação, porque fomos formatados desde criança. Mas queremos incentivar isso, as pessoas a mudarem essa vida.
O processo de plantação das mudas tem sido natural e já ocorre de forma mais intensa há mais de dois anos. O que o projeto busca, portanto, é manter uma prática mais regular, presente e atenta através da técnica da agrofloresta, na qual estimula o plantio em abundância com foco em espécies nativas.
São diversos os tipos de plantas e mudas espalhados por mais de dez pontos do bairro, incluindo espécies de coqueiro, carnaúba, pitaya, mamão, acerola, limão e até abacate. “Não é só a gente que planta, estamos chegando juntos de quem está plantando. Turbinando o que está acontecendo”, reforça.
Construção de outra cidade
Para Pedro, a cuidadosa ação de plantar e colher o próprio fruto estimula não só a responsabilidade dos moradores com o espaço em que moram, como aproxima essa pessoas à malha urbana. “Incentiva a cuidarem do local, trazendo a questão da ecologia, da planta”, detalha.
Considerando que a paisagem de 200 anos atrás carregava muito mais árvores e espaços verdes, o Projeto também procura resgatar essa conexão com o meio ambiente, propondo outros usos e vivências da cidade não movimentadas pelo mercado ou lucro.
Queremos estimular as pessoas a plantarem em cada metro da cidade. Queremos construir um ambiente novo, dar a volta por cima, trazer a emancipação humana do mercado. A gente sente essa conexão com a natureza, que dá uma alegria maior.
Essa iniciativa não se restringe ao Serviluz, conforme Pedro percebe, já viu movimentações similares em outros bairros de Fortaleza, como Poço da Draga e Bom Jardim. Neles, também é estimulada a plantação de mudas e a criação de ambientes mais verdes no tecido urbano.