Casa onde agricultor morava há 30 anos desaba durante chuva no Ceará; veja vídeo

Vicente Martins, morador de Uruburetama, estava tentando salvar móveis e eletrodomésticos quando foi alertado por um amigo que o imóvel iria ruir

Trinta anos de vida sendo carregados pela água. Morador da comunidade do Bananal, em Uruburetama, o agricultor Vicente Martins, de 54 anos, perdeu não só os pertences, mas a casa onde morava depois das fortes chuvas registradas no último sábado (21). Tendo salvado apenas os documentos, ele só pensa em como será "recomeçar do zero". 

Ele contou que quando a chuva começou a apertar, o nível da água chegou até o peito. A correria para tentar salvar móveis e eletrodomésticos foi tanta que o agricultor nem percebeu que a casa já estava dando sinais de desabamento. Foi preciso um amigo, que passava pelo local, dar o alerta para seu Vicente conseguir sair a tempo. 

"Um amigo veio e pediu para eu sair e quando eu saí de casa, ela começou a cair. Ele gritou 'doutor, sai daí', que é meu apelido. Mas tudo ficou na água. Perdemos cama, guarda-roupa que tinha 15 parcelas e nós pagamos só 4. Estamos devendo e vamos pagar, não sei como ainda. Salvamos só os documentos, que Deus ajudou, porque a água não chegou até onde eles estavam. E só pegamos no outro dia", disse.

"Tive essa sorte de não acontecer nada comigo. Minha mulher já tinha saído", completou o agricultor.

A casa acabou desabando em cima de tudo que estava dentro. Apenas dois cômodos resistiram à força das águas: um quarto e um banheiro.  

"A minha vida foi toda aqui, eu tenho mais de 30 anos aqui, e já tinha entrado água, mas nunca como desse jeito. Foi até o pescoço. Eu fui tirando as coisas com as águas nos peitos, mas ela foi aumentando", lamentou.

Novo local para morar

O agricultor, agora, faz planos de como recomeçar a vida do zero. Morando na casa de uma irmã e com roupas emprestadas ou ganhadas de presente, Vicente disse que ainda não sabe como irá construir a nova moradia. Mas garante que não será mais tão perto da água. 

Ele sabe, no entanto, que irá precisar de ajuda e deverá contar com o apoio da família para conseguir um terreno "mais para cima" na região serrana de Uruburetama. 

"Foi a primeira vez de enchente que deu. Vamos nos reunir com a família e ver o que eles têm. Vou tentar fazer mais para cima porque não faço mais perto da água. Tenho que ter ajuda de alguém porque eu mesmo não tenho condições de construir sozinho", contou. 

Vicente ainda relembrou como foi a primeira noite depois do desabamento da casa onde morava. Segundo ele, ninguém da família conseguiu dormir direito, pensando no que tinha sido perdido e como seria o futuro, ainda incerto. 

"Ninguém dormiu à noite. A gente fica delirando e pensando como vai ser daqui para frente, construir uma casa e o que vai vir. Eu estou morando na casa de uma irmã, que é mais para cima. Vamos recomeçar do zero, de novo, mas é assim", disse.