O início de ano chuvoso no Ceará, com um mês de março recordista no acumulado de precipitações, garantiu ao Estado uma marca antecipada: a pouco menos de 2 meses do fim, 2023 já atingiu a média histórica de chuvas para o ano todo.
Até esta quarta-feira (8), a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) registrou um acumulado anual de 801,2 milímetros, número já acima dos 800,6 mm contabilizados historicamente em um ano inteiro no Ceará.
Os dados estão sujeitos a atualizações constantes e, portanto, podem ser alterados a qualquer momento.
Nos últimos 10 anos, desde 2013, as chuvas no território cearense só atingiram ou superaram a chamada “normal meteorológica” quatro vezes: em 2019, 2020, 2022 e agora, em 2023.
O ano mais escasso desse período foi 2015: dos 800,6 mm apontados como “esperados”, só caíram 523,3 mm, um resultado 34,6% inferior à média histórica.
Meses mais chuvosos no Ceará
Neste ano, o mês com maior quantidade de chuvas em todas as regiões cearenses foi março: historicamente, os 31 dias têm 203,4 mm de precipitações, mas neste ano atingiram 301,3 mm – 48,1% acima da média.
Fevereiro e abril ficaram em torno da média, enquanto maio, já no fim da quadra chuvosa, teve precipitações mais escassas.
Os principais resultados desse saldo foram opostos: de um lado, os açudes tiveram recargas importantes, garantindo maior conforto no abastecimento hídrico; do outro, centenas de famílias enfrentaram enchentes, deslizamentos e até desabamentos no interior do Estado.
Cidades onde mais choveu
Até a primeira semana de novembro, apenas 83 municípios cearenses já acumularam chuvas em torno ou acima da média histórica. Tururu, no Litoral de Pecém; Barroquinha, no Litoral Norte; e Nova Olinda, na Região do Cariri, foram as localidades com mais precipitações acima do “esperado”.
Figurando ainda bem abaixo da normal meteorológica, estão Icapuí, na região Jaguaribana; Croatá e Frecheirinha, ambas na Ibiapaba.
Ainda em fevereiro, o prognóstico anual da Funceme sobre a quadra chuvosa apontou probabilidades de 40% de chuvas acima da média entre março e maio de 2023; 40% de precipitações em torno da normal; e 20% de chuvas abaixo da média.
Já os estudos sobre 2024 devem ser divulgados pela Funceme apenas no início do ano, mas as perspectivas já não são tão positivas. Isso porque o El Niño, fenômeno de aquecimento do oceano, prejudica a incidência de chuvas no Nordeste.
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o El Niño está ativo e deve durar até abril de 2024, quando pode atingir o pico.
Nos últimos 3 anos, o Ceará teve condições favoráveis de chuvas devido à presença da La Niña, fenômeno oposto ao anterior.