Falecido nesta quinta-feira (6), o ator, diretor e dramaturgo Zé Celso Martinez travava uma guerra judicial homérica com o apresentador Silvio Santos durante 43 anos. O motivo: o terreno ao lado do teatro fundado pelo artista teatral no bairro Bixiga, em São Paulo.
Vamos aos detalhes. O Teatro Oficina foi fundado em 1958 por Martinez e outros cinco artistas. Em 1961, a companhia adquiriu o edifício no Centro de São Paulo, onde instalou a sede do grupo. O imóvel passou por reformas na estrutura – uma delas realizada em 1966, após um incêndio no local – e, hoje, é considerado um patrimônio histórico.
A briga entre Martinez e o proprietário do SBT foi iniciada em 1980, conforme o portal Notícias da TV, do Uol. O empresário comprou um terreno que está em volta do teatro. O plano inicial de Silvio era construir um prédio com mais de cem metros de altura para o Grupo Silvio Santos. Isso, porém, prejudicaria o espaço cênico, e Zé Celso foi para a Justiça.
Uma característica do teatro é ter uma grande janela em uma das laterais, que permite ao espectador ver a paisagem da cidade mesmo durante as sessões teatrais.
Por isso mesmo, em 2016, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico proibiu a construção de torres da Sisan, braço imobiliário do Grupo Silvio Santos, em um terreno vizinho ao Teatro Oficina.
No ano seguinte, porém, a decisão foi revertida, e novas reuniões entre Silvio e Zé Celso foram promovidas. Apesar disso, o destino da área disputada ainda é incerto.
Convite para o casamento
Zé Celso preferia que o terreno sediasse o parque do rio Bexiga, com a intenção, inclusive, de plantar um ipê no território disputado. No entanto, o artista foi surpreendido com uma liminar judicial que o proibiu de cumprir o ato na área ao redor do teatro.
A juíza Juliana Koga Guimarães, da 39º Vara Cível do Foro Central, determinou multa de R$200 mil para o dramaturgo diante de qualquer prática que possa prejudicar a posse do terreno. Drummond também foi intimado pela Justiça.
O curioso é que Silvio Santos chegou a ser convidado para o casamento de Martinez e recebeu uma sugestão de presente: a doação do terreno próximo ao Teatro Oficina.
“Vivemos no capitalismo. É muito mais fácil fazer o que eles fizeram [entrar com o pedido liminar] do que ter uma atitude de grandeza e generosidade e doar o terreno”, lamentou Zé Celso após a decisão judicial.