Ícone da música brasileira, Gal Costa faleceu nesta quarta-feira (9), aos 77 anos. Em setembro, a cantora passou por uma cirurgia para retirada de um nódulo na fossa nasal direita. Com quase 60 anos de carreira, Gal ganhou espaço na cena musical no fim da década de 1960, saindo da Bahia e ocupando espaços no Rio de Janeiro.
Os quatro baianos tinham uma relação de amizade e de parceria musical, que se iniciou ainda na adolescência de Gal, em Salvador. Caetano e Gal se conheceram em 1963, apresentados por amigas de infância e vizinhas da cantora, as irmãs Dedé e Sandra Gadelha.
Caetano Veloso se apaixonou por Dedé, amiga de Gal, e em 1967, eles casaram. Fruto dessa relação veio o primeiro filho de Caetano, Moreno Veloso, que é afilhado de Gal Costa. A cantora também é madrinha de Preta Gil, filha de Gilberto Gil e de Sandra Gadelha.
Além da amizade, Gal e Caetano fizeram seus álbuns de estreia juntos. 'Domingo' foi lançado em 1967 pela gravadora Philips sob aposta do executivo João Araújo (1935-2013), pai de Cazuza, para apresentar os cantores ao mercado nacional. Entre as canções que compõem o disco, estão 'Coração vagabundo', 'Zabelê' e 'Nenhuma dor'.
Romance entre Caetano e Gal?
Apesar de nunca terem se envolvido romanticamente, ambos assumiram anos depois que já foram apaixonados um pelo outro. Caetano chegou a escrever uma música para Gal, intitulada como ‘Da Maior Importância, lançada no disco Índia, da cantora, em 1973.
Amizade com Maria Bethânia
Amigas de longa data, Maria Bethania falou emocionada, entre lágrimas, sobre a partida de Gal nas redes sociais. "Em choque, triste demais, difícil demais. Eu nunca pensei em um dia falar para vocês sobre a dor de perder Gal. Uma amiga, que mesmo longe, sempre mantive admiração e respeito. Deus a receba na sua mais pura luz".
A amizade de Gal com Maria Bethânia era questionada e a mídia chegou a apontá-las como rivais. Em 2017, em entrevista ao colunista Bruno Astuto, Gal comentou sobre a relação das duas e afirmou que acha a rivalidade como 'bobagem'.
"A gente sempre se falou, mas, durante um tempo, eu não falava com ela e ela não me procurava. Liguei quando Dona Canô estava hospitalizada. Nos momentos mais difíceis, estou presente. É a vida. Bethânia mora no Rio de Janeiro, eu em São Paulo. Desde o começo se fala em rivalidade, mas acho isso bobagem. Há amigos que são sagrados. Com Caetano também não falo sempre, como no passado, quando alugávamos casas juntos e éramos como uma família".
Já em 2018, elas se reencontraram para gravar a música 'Minha mãe' para o álbum 'A pele do futuro'. Composta por César Lacerda e Jorge Mautner, a canção fala sobre a relação com as mães.
Trajetória em documentário
A trajetória do quarteto é apresentada em outra produção cinematográfica, o documentário '(Outros) Doces Bárbaros' registra o reencontro deles, em 2002, depois de 26 anos para dois shows ao ar livre, em São Paulo e no Rio de Janeiro. A produção está disponível no YouTube.
O reencontro histórico foi registrado no espetáculo que aconteceu na Praia de Copacabana (RJ) com o documentário dirigido por Andrucha Waddington. O encontro fez parte da série Pão Music, do grupo Pão de Açúcar, e reuniu cerca de cem mil pessoas só no Rio, em um cenário de cartão-postal.
Cinebiografia estreia em dezembro
Parte da história dessa relação será mostrada na cinebiografia 'Meu Nome é Gal', que tem previsão de lançamento para 2023. A cantora será interpretada pela atriz Sophie Charlotte e tem ainda Rodrigo Lelis (Caetano Veloso), Dan Ferreira (Gilberto Gil), Camila Márdila (Dedé Gadelha), George Sauma (Waly Salomão), Luis Lobianco (o empresário Guilherme Araújo) no elenco.
O filme conta com direção Dandara Ferreira e Lô Politi, que também assina o roteiro. Dandara, por sua vez, também atua na produção como Maria Bethânia.
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