Obra do cearense Filipe Acácio ganha destaque na exposição À Nordeste

Na videoperformance, gravada em parte no açude Castanhão, o artista propõe reflexão política sobre o uso e a distribuição da água. A mostra

Um grande televisor suspenso traz o contraste em relação aos prédios que aparecem através das janelas de vidro do Sesc 24 de Maio, no centro de São Paulo. A vídeoinstalação "A torre, a pedra, o muro", do cearense Filipe Acácio, propõe debate sobre a distribuição da água. Com cenas gravadas em duas localidades nordestinas, o Açude Castanhão (Jaguaribara, CE) e o município de Rio de Contas (BA), o material audiovisual mostra o corpo de Filipe ocupando lugares em que dificilmente se registra a presença humana, como o próprio artista faz questão de ressaltar. (veja a performance completa no fim da matéria)

Ele fala também sobre pontos de vista que começaram a se moldar com essa experiência que teve. "Com esse trabalho, eu me aproximei do sertão cearense e dessa região da Bahia, que têm uma complexidade no uso da água. Começo a entender que esse uso vem privilegiando principalmente atividades do setor do agronegócio. Eu tento levantar a discussão sobre para quem vai essa água no contexto de escassez hídrica", argumenta Filipe.

Apesar de sentir necessidade de que uma quantidade ainda maior de artistas nordestinos tenham as obras reconhecidas e expostas, Filipe Acácio vê a possibilidade de compor a mostra "À Nordeste" de maneira muito positiva.

"Eu fico muito feliz de estar presente e compartilhar o espaço com artistas que admiro, e fico nessa vontade de ter ainda mais gente; da pluralidade ganhar cada vez mais contexto e ações", conclui.

Confira a íntegra da videoperformance de Filipe Acácio: