A escritora irlandesa Edna O'Brien, conhecida por textos marcados pela literatura rebelde e feminista, morreu aos 93 anos, no último sábado (27). A informação foi divulgada pela agente da autora e editora, neste domingo (28).
Edna O'Brien faleceu "tranquilamente no sábado, 27 de julho, após uma longa doença", segundo post de Caroline Michel e da editora, a Faber, publicada na conta na rede social "X".
O'Brien nasceu em 1930 no seio de uma família rural católica rigorosa do condado de Clare, no oeste da Irlanda. Foi educada num colégio conventual e depois mudou-se para Dublin, onde se licenciou em Farmácia em 1950 e se apaixonou por escritores como Leo Tolstoy, Francis Scott Fitzgerald e T.S. Eliot.
O Presidente irlandês, Michael D Higgins, descreveu-a como "uma das escritoras mais excepcionais dos tempos modernos" e prestou homenagem em uma declaração, na qual afirmou que O'Brien era uma autora dotada de "coragem moral para confrontar a sociedade irlandesa com realidades ignoradas há muito tempo".
Trajetória
O primeiro romance de Edna O'Brien — intitulado "The Country Girls" (1960) — sobre a iniciação sexual de meninas católicas, baseado em experiência pessoal, foi um marco na literatura irlandesa moderna por romper tabus sexuais e sociais.
O livro chegou a ser banido das livrarias de Dublin e, por vezes, queimado por "falta de religião e pornografia". Os seus seis livros seguintes tiveram o mesmo destino.
Em cerca de vinte romances, a irlandesa retrata o próprio país como violento e atrasado. Com linguagem crua e lírica, investiga a intimidade das mulheres sacrificadas por uma educação que ela considerava repressiva e medieval.
Em 2018, O'Brien ganhou o prestigiado prêmio Nabokov da PEN americana por romper as "barreiras sociais e sexuais para as mulheres na Irlanda e em outras partes do mundo".