Feira da Literatura Cearense retorna com programação gratuita e homenagem a Oswald Barroso no CCBNB

Participação de mulheres e ações formativas voltadas a escolas públicas da Região Metropolitana de Fortaleza são destaques de nova edição do evento

Seis anos após a primeira edição, em 2018, a Feira da Literatura Cearense volta a ser realizada em Fortaleza. De quinta-feira (6) a sábado (8), nesta primeira semana de junho, o evento gratuito traz estandes com livros para compra, lançamentos, encontros com autores e mais ao Centro Cultural Banco do Nordeste. Neste ano, a feira homenageia o pesquisador e dramaturgo Oswald Barroso (1947-2022), falecido no último mês de março aos 76 anos.

Oswald, inclusive, já havia sido escolhido como homenageado da retomada do evento antes de falecer, como explica Almir Mota, coordenador geral da II Feira da Literatura Cearense e diretor da Casa de Prosa. “Ele merece, é um homem das letras, do cinema, da música, da história, do folguedo cearense”, ressalta. 

O caráter múltiplo do intelectual é, também, um indicativo do próprio espírito da feira, que retorna “arrojada”, como define Almir. Após uma primeira edição em 2018 feita com patrocínio do Banco do Nordeste por meio da Lei Rouanet, a feira só conseguiu ser retomada agora, em 2024, novamente com o apoio da instituição via lei de incentivo federal.

A Feira da Literatura Cearense, surgiu como espécie de fruto da Feira do Livro Infantil de Fortaleza, que teve sete edições realizadas geralmente no Centro da Cidade, como contextualiza Almir.

Parcerias com escolas

O foco na literatura como aspecto formativo relevante vem desde a antiga feira, que era voltada justamente a crianças. Para este ano, com presença de autores de diferentes municípios do estado, como Varjota, Quixadá, Quixeramobim e Maranguape, o evento também se destaca pelo caráter formativo, com parcerias com escolas públicas de Fortaleza, Caucaia, Eusébio e Maracanaú. 

Colégios dos municípios foram selecionados como parceiros e já têm programação agendada ao longo dos dias de evento. Os alunos das instituições irão receber vales-livro para poderem adquirir publicações e também têm transporte e lanche garantidos.

“Vai ter contação de histórias, visita das crianças à feira e todas elas vão estar sempre com um autor. A escola já tem livros, mas a gente tem que fazer os livros irem para as casas deles, para serem introduzidos à família, à turma. A gente queria causar essas possibilidades”, ressalta Almir.

O organizador ainda acrescenta que, nesta edição, há uma ênfase especial na inclusão. “Vamos atender comunidades tradicionais, como escolas indígenas, quilombolas. A gente teve esse compromisso com o Ministério da Cultura e já queria chegar junto”, explica.

Participação de mulheres e conexões entre linguagens

Outro destaque da edição ressaltado por Almir é a presença de mulheres. “Temos mais grupos de editoras com mulheres à frente, e isso não foi direcionado. Novos movimentos de mulheres, várias autoras, propostas de mulheres que queriam recitar poesias ou mostrar contos”, lista.

Entre os grupos que compõem a programação e dão ênfase à produção literária feita por mulheres, estão o Brota Coletivo, o Coletivo Lamparinas e Mulherio das Letras.

Almir também aponta, ecoando o caráter múltiplo de Oswald Barroso, que nesta edição há exemplos de figuras de outras áreas — artísticas ou não — que se conectam à literatura.

“Vieram nomes como Nádia Aguiar, que é atriz e está lançando três livros infantis, e o economista Roberto Smith, ex-presidente do Banco do Nordeste, estreando com contos sobre a ditadura militar”, cita Almir.

Literatura como mercado e símbolo 

Na avaliação do coordenador do evento, o contexto atual da literatura enquanto mercado facilitou pontos outrora problemáticos.

“Hoje em dia é mais fácil, teoricamente, vender um livro. Sempre foi difícil distribuir, um gargalo, mas com o advento das redes sociais um autor independente que não esteja lotado numa grande editora, se tiver um chamariz bacana naquele ambiente, pode ele mesmo mandar a obra às pessoas”, analisa.

Em termos de produção, Almir ressalta a bagagem histórica, mas também a relevância contemporânea do Estado. “Que as pessoas abram o coração para a literatura cearense, ela é muito rica. Temos grandes nomes da literatura daqui na história, mas também no hoje, que precisam ser prestigiados”, aponta.

Isso porque, para além da importância de mercado e sustentabilidade do setor, as publicações de autores do Estado falam ao lado simbólico da terra. “A literatura pode definir a cultura de um lugar, fala dessa cultura. A imortalização de uma lenda, uma cultura, é através da literatura, do autor. O autor sempre fala da própria vila, do próprio lugar”, sustenta Almir.

II Feira da Literatura Cearense

  • Quando: de quinta (6) a sábado (8), das 9 às 19 horas
  • Onde: Centro Cultural Banco do Nordeste - CCBNB (rua Conde D’eu, 560, Centro)
  • Gratuito.
  • Mais informações: @feiradaliteraturacearense e @casadaprosa

Confira programação completa

QUINTA, 6 DE JUNHO

  • 9 horas - Abertura 
  • 9 horas - Programação escolar: Contação de histórias e apresentação musical com o Coletivo Lamparinas
  • 10 horas - Lançamento do HQ “Siri-Ará, as aventuras de um siri periférico” com o autor Klébson Alberto
  • 12 horas - Recital poético com o poeta cordelista Rouxinol do Rinaré - Rouxinol do Rinaré Edições
  • 14 horas - Programação escolar: Contação de histórias “Amigos de verdade” e conversa com a escritora Angélica Sampaio - Editora Sol Literário
  • 14 horas - Oficina “O processo de criação e editoração de um livro coletivo” com Rejane Nascimento e Normando Oliveira - Editora Karuá
  • 14h30 - Roda de leitura com a narradora Júlia Barros - Editora Casa da Prosa,  na Biblioteca do CCBNB
  • 15 horas - Leitura com as autoras do Coletivo Brota convidando outros autores
  • 16 horas -  Lançamento do livro “Uma galinha chamada Teresa”, com a autora Luiza Pontes - Editora Karuá
  • 17 horas - Abertura oficial da II Feira da Literatura Cearense
  • 18 horas -  Mesa-redonda especial: Homenagem ao Oswald Barroso - trajetória no teatro e literatura, com o cineasta Rosemberg Cariry, o escritor Gylmar Chaves,  mediação do ator e bonequeiro Omar Rocha
  • 19 horas - Show musical com o cantor, compositor e escritor Eugênio Leandro, no palco principal

SEXTA, 7 DE JUNHO

9 horas - Abertura da Feira de livros.

9 horas  -  Programação escolar: Contação de histórias “Aprendendo a cuidar do mundo” com a autora e atriz Nádia Aguiar

10 horas  - Leituras com as autoras da AJEB-CE

14 horas -  Programação escolar: Contação de histórias “Vem que eu conto!” com a escritora e narradora Efigênia Alves - Escritus Editora (Jaguaribe-CE)

15 horas - Bate-papo "Crônicas: absurdas e de graça!" com o escritor  Raymundo Netto, mediação da jornalista Lílian Martins

16 horas - Lançamento dos livros “O som da coragem” de Leonardo Vieira e “Meu castelo interior” de Expedito Ximenes - Editora Sol Literário

16 horas - Oficina de poesia com Reginaldo Figueiredo, da Vila de Poeta (Maranguape-CE)

17 horas - Lançamento do livro “A Surucucu Língua de Fogo e a Lamparina Encantada" com a autora, Profª Maria Adiléa Farias Lima - Editora Caminhar

18 horas - Sarau “Mulheres, velas e poesia” com as autoras do coletivo Mulherio das Letras

SÁBADO, 8 DE JUNHO

  • 9 horas - Abertura da Feira de livros
  • 9 horas - Programação para as comunidades tradicionais: Contação de histórias “Do jeito que eu ouvir contar” com a narradora e escritora Tâmara Bezerra
  • 9 horas  - Oficina “Cordel, teoria e prática” com os poetas Julie Oliveira e Patrick Lima - Teu Cordel
  • 12 horas - Lançamento do cordel "Harry Potter e as Casas Nordestinas" + Cerimônia do Chapéu Seletor com o autor Patrick Lima
  • 13h30 - Programação para as comunidades tradicionais: Contação de histórias “A lenda do Mosquito e a Lâmpada” com a Cia. Criando Arte
  • 14 horas - Lançamento do livro “A lenda do Mosquito e a Lâmpada” com a autora Yane Cordeiro (Varjota-CE)
  • 15 horas -  Leitura com o autor Rodrigo Marques - Aluá Editora (Quixadá-CE)
  • 15h30 -  Mesa-redonda: “O momento literário no Ceará e as políticas públicas do Livro, da Leitura e da Literatura” - com os autores e editores Angélica Sampaio (Presidente da AMLF), Julie Oliveira (Cordel de Mulher), mediação do Prof. Dr. Casemiro Campos  (Presidente da CCL) - Local: Salão de técnicas
  • 17 horas - Lançamento do livro “Contos de estranhamento” e bate-papo com o autor Prof. Dr. Roberto Smith - Edições Demócrito Rocha                       
  • 18 horas - Lançamento do livro “A menina e o café” com as autoras Gleice Nascimento, Giselle Abreu (MG) e a ilustradora Mayara Araújo - Editora Caminhar
  • 19 horas - Show de encerramento com Cecília do Acordeon