Dramas familiares, traições, humor e reviravoltas surpreendentes, tudo isso em capítulos de apenas dois minutos. Com atuações e enredos que lembram os ‘dramalhões’ típicos de novelas mexicanas, o aplicativo chinês Kwai trouxe ao Brasil, em abril deste ano, o projeto TeleKwai, que foca na criação de mininovelas originais e exclusivas em formato vertical.
No país que tem as novelas como paixão nacional, o formato tem feito sucesso com as novelinhas que são realizadas por produtores e elencos nacionais. Atualmente, já são mais de 180 contas ativas produzindo conteúdo na plataforma com mais de 5,4 bilhões de visualizações nos vídeos, desde janeiro de 2022.
O canal Markelly &m Ação é um dos mais famosos da plataforma com quase 4 milhões de seguidores e 65,3 milhões de curtidas, comandado por Markelly Oliveira, ex-bailarina do Domingão do Faustão. Uma das 153 histórias já publicadas traz uma mulher que abandona o noivo no altar após descobrir uma traição, em outra a esposa maltrata o marido doente.
Ao contrário do app no geral, o conteúdo produzido para o TeleKwai é feito apenas por produtores habilitados pelo app e podem ser capítulos únicos ou histórias seriadas. A reprodução, inclusive, ganhou uma nova ferramenta na rede social que já transmite em sequência os capítulos disponíveis.
Com essa proposta, a rede social formalizou parcerias com agências, produtoras e criadores de conteúdo audiovisual, que são responsáveis pela pré-produção, produção e pós-produção dos vídeos, e que trabalham em cada etapa de construção criativa.
Produções em 2 minutos
A Gente Faz Séries é uma dessas produtoras, que trabalhava com produções para o YouTube e migrou para o Kwai. O diretor de Conteúdo, Phil Rocha, explica que a agência conta com um time de roteiristas, que adaptam as histórias para dentro das temáticas dos canais que gerenciam.
"Contamos, hoje, com uma demanda de cerca de 200 roteiros por mês e nos organizamos nas nossas diárias nas quais conseguimos gravar por volta de 40 roteiros por dia. Tenho trabalho desde o período de teste do TeleKwai, com uma equipe que já trabalhava antes no processo de criação de conteúdos do canal DR”.
Para produzir capítulos curtos, os roteiristas precisam pensar em ideias que consigam funcionar em até dois minutos com a criação de uma nova linguagem. “Temos trabalhado esses conteúdos mais seriados, então temos histórias maiores que conseguimos dividir pontos de atenção que chamem o público para assistir o próximo capítulo”.
Humor a conteúdos infantis
No catálogo de mininovelas da produtora, há conteúdos de humor, para crianças, documentários e mais. Há ainda o canal “República.doc” que é sobre pessoas que moram juntas e são completamente diferentes com um tom cômico.
“Temos também o “Mundo de Maya”, que conta sobre uma menina iludida que acredita ser influencer porque ela estudou teatro e acredita ser super famosa. É uma sátira da geração Z que acredita que só porque lançou um conteúdo online vai ficar famosa”, pontua.
A proposta dos canais é fazer seriados, contando histórias de dois a oito capítulos e não somente vídeos avulsos. O elenco de atores, conforme explica Phil, já fazia parte da produtora, quando ela ainda denominada DR.
Da TV para o celular
A diretora geral do Kwai Brasil, Mariana Sensini, explica que o projeto já funcionava na China, Argentina, Colômbia e México e, com o sucesso de audiência, a empresa resolveu trazer a funcionalidade para o Brasil, onde já há um grande consumo de novelas televisivas.
"São um novo formato de entretenimento que se conecta com nossas raízes, é a evolução das ficções que costumávamos consumir na TV, adaptadas ao formato de vídeo curto e vertical para atingir novos segmentos de público. Apostamos em produções de diferentes gêneros e que criem histórias que falem diretamente com a população brasileira”.
De acordo com Mariana, a proposta ainda é democratizar o acesso a produções audiovisuais e empoderar a cadeia de produção amadora e semiprofissional da dramaturgia brasileira. Assim, o Kwai remunera as produções por meio de contratos exclusivos, além de oferecer a possibilidade da realização de publicidades nos vídeos.
“Além dos episódios, há também a possibilidade de desenvolver atividades ou páginas especiais dentro do app, que estimulam o público a participar de conversas e criar novos conteúdos a partir de um assunto ou contexto”, acrescenta.