A íntegra das imagens do assassinato do congolês Moïse Kabagambe mostra que o quiosque Tropicália seguiu vendendo cervejas durante cerca de três horas enquanto o corpo da vítima ainda estava no chão. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Moïse foi espancado até a morte no último dia 24 de janeiro na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O homem teria ido ao local cobrar uma dívida de R$ 200 referentes a duas diárias de trabalho. No entanto, recebeu, de pelo menos três agressores, socos, chutes e golpes com pedaços de madeira.
Os novos registros obtidos pela reportagem vão de 22h25 até a 1h27 do dia do crime. Nesse intervalo, aos menos seis clientes foram ao estabelecimento comprar bebidas e um funcionário aparece retirando os produtos do freezer.
Dois dos suspeitos já detidos por envolvimento na morte do congolês também estão nas imagens. A dupla permanece na cena do crime por duas horas sem que fossem denunciados por testemunhas ou detidos por policiais.
Discussão
O confronto verbal entre Moïse e o funcionário da Tropicália começa às 22h25. Brendon Alexander Luz da Silva, que trabalha em uma barraca de praia, chega ao local e derruba o congolês. Em seguida, a vítima é agredida com um pedaço de taco de beisebol pelo vendedor de caipirinhas Fábio Pirineus da Silva. Ao mesmo tempo, o vendedor do quiosque Biruta, Aleson Cristiano Fonseca dá socos em Moïse.
Enquanto a vítima era violentada, um cliente compra cerveja e os demais observam a cena sem intervir. A partir das 22h32, Moïse para de se mexer, Aleson liga para o Samu e Brendon tenta reanimá-lo. Às 23h14, o funcionário da Tropicália vende a primeira bebida com o corpo ao lado.
Mais tarde, às 23h44, já na presença de PMs e do Samu, o corpo do congolês é coberto por panos brancos, e um homem que havia acabado de comprar três latões de cerveja observa a cena.
Ainda pelo circuito de segurança, as duas últimas cervejas foram vendidas à 1h13 e à 1h17, momento em que peritos tiravam fotos do corpo e faziam os primeiros levantamentos do crime.