Pegadas de dinossauros com 90 milhões de anos são encontradas em São Paulo

Paleontólogo encontrou marcas por acaso; é a primeira descoberta do tipo no estado

Pegadas de dinossauros de pelo menos 90 milhões de anos foram encontradas em uma fazenda de General Salgado, no interior de São Paulo. É o primeiro achado de rastros dos répteis durante o período do Cretáceo Superior no estado, segundo divulgado pelo g1.

As pegadas são estudadas por pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e pelo Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP).

O estudo começou em agosto, com a escavação. Uma rocha foi dividida em três partes, cada uma com cerca de 100 kg, e levada a um laboratório. O paleontólogo e professor da UFC, Ariovaldo Giaretta, encontrou as pegadas por acaso em setembro de 2020, enquanto buscava serpentes no local.

Ariovaldo afirmou ao g1 que a descoberta é um feito histórico e inédito para a ciência. “Embora ossos fossilizados sejam comuns, pegadas dessa do Cretáceo Superior nunca tinham sido encontradas lá e nem mesmo no nosso Estado. Eu sou paulista e fiquei feliz por isso também, sortudo pelo privilégio da descoberta inédita”, disse.

As pegadas indicam que os animais tentavam atravessar um rio ou um lago quando deixaram as marcas nas rochas. Os sedimentos fazem parte da Bacia Cauru, com rochas do interior dos estados do Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Descoberta histórica

Os paleontólogos identificaram que as pegadas são de um dinossauro terópode, um saurópode e um ornitópode, sendo o primeiro carnívoro. O Cretáceo representa o terceiro e último período da Era Mesozoica, de 145 a 66 milhões de anos

“O carnívoro era semelhante ao tiranossauro, em pontos como bipedalismo e hábitos alimentares, mas não devia chegar a um tamanho tão grande. As pegadas circulares devem ser um dinossauro de pescoço longo, conhecidos como saurópodes, que eram herbívoros e comumente encontrados no interior de São Paulo e no Triângulo Mineiro”, explica Ariovaldo Giaretta.

O professor aponta que as pegadas são uma 'janela para o passado' e permitem reconhecer os seres vivos e os ambientes já extintos. “Pensar que os grandes dinossauros se extinguiram, e que isso faz parte da natureza, nos ajuda a pensar no nosso próprio destino. Se conhecemos o passado, não somos ingênuos de achar que o futuro está garantido”, afirma. 

As espécies diferentes foram identificadas pelas deformações de cada pegada na rocha. O estudo científico deve ser concluído em 2024, com exposição das pegadas no museu da USP.