O juiz Valmir Maurici Júnior, da 5ª Vara Cível de Guarulhos, na Grande São Paulo, foi acusado de violência física, sexual e psicológica contra a esposa. A denúncia foi noticiada pelo portal g1 nesta segunda-feira (27), com vídeos mostrando as agressões que teriam ocorrido na casa dos dois, em Caraguatatuba, no Litoral Norte de São Paulo.
Em um dos vídeos anexados na denúncia, ele aparece dando um tapa na cabeça da mulher, enquanto dá empurrões, chute e xinga a esposa em outras imagens. No terceiro vídeo, gravado em abril de 2022, ela teria sido submetida a uma relação sexual de forma forçada.
A mulher de 30 anos, que teve a identidade preservada, casou com Maurici Júnior em 2021, mas deixou a casa onde moravam no dia 23 de novembro de 2022. A violência teria começado após os seis primeiros meses de relação.
Em janeiro deste ano, uma medida protetiva na Justiça proibiu o juiz de se aproximar da mulher, enquanto também o obrigou a entregar a arma à qual tem direito por ser magistrado.
Uma investigação sobre o caso foi aberta pelo Ministério Público de São Paulo, que tratou os fatos como "gravíssimos", apontando que o juiz demonstrou comportamento "violento, manipulador, desviado, e que potencialmente colocaria em risco" a integridade da vítima e dos seus parentes".
Enquanto isso, um procedimento segue no Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo e a defesa do juiz nega as acusações citadas.
Registros da vítima
Em entrevista ao g1, a vítima revelou que precisou colocar um celular no quarto em que dormiam para tentar flagrar as agressões. Alguns vídeos foram feitos em outubro de 2022 e o juiz também teria imagens gravadas de uma relação sexual com ela, ocorrida em abril de 2022.
Ela revelou que não teria consentido com a relação gravada. "Na verdade, eu nunca consenti com aquelas coisas. Eu não tinha opção. Então, a violência eu nunca consenti com nenhuma violência. Mas eu era casada", disse a mulher ao g1.
Após a saída dela da casa, a vítima chegou a levar o cofre do juiz, onde as imagens estavam guardadas. Ele, então, acusou a esposa de furto qualificado e um inquérito sobre o caso segue em andamento na Delegacia de Caraguatatuba.
Na mesma entrevista, a vítima, que agora vive em São Paulo, pontuou que chegou a tentar contra a própria vida por conta do sofrimento. Segundo o g1, ela teve episódios de depressão, ansiedade e, em dezembro, chegou a ser internada com quadro psicótico.
"Eu não tenho vida mais. Perdi vontade de tudo, perdi vontade até de viver", disse no relato.
Em resposta sobre as acusações, a defesa de Valmir Maurici Júnior divulgou nota. "A defesa técnica do magistrado, por seus advogados Marcelo Knopfelmacher e Felipe Locke Cavalcanti, nega veementemente os fatos que lhe são imputados e repudia com a mesma veemência vazamentos ilegais de processos que correm em segredo de Justiça", diz o comunicado.