Jovem que faz tratamento contra neuralgia do trigêmeo recebe alta de hospital em MG

Carolina Arruda deve passar por uma cirurgia no próximo sábado (27)

Carolina Arruda, jovem de 27 anos diagnosticada com neuralgia do trigêmeo e que convive com a "pior dor do mundo" há 11 anos, recebeu alta hospital da Santa Casa de Alfenas, em Minas Gerais, nesta segunda-feira (22). As informações são do g1.

Segundo o médico Carlos Marcelo de Barros, o pedido de alta foi solicitado pela jovem. Após análise médica, a equipe determinou a liberação "adequada", pois a paciente não teria outra proposta terapêutica no hospital até o próximo passo do tratamento.

"Este período de internação foi fundamental para a equipe médica tomar total conhecimento do caso clínico da paciente e, assim, delinear o melhor tratamento possível para alívio da dor", declarou o médico.

No entanto, a paciente já tem data de retorno: ela será internada novamente na próxima sexta-feira (26). O motivo da nova internação é uma cirurgia de implante dos neuroestimuladores que devem bloquear a passagem de dor até o cérebro, marcada para sábado (27).

ENTENDA O PROCEDIMENTO

Durante a cirurgia, serão implantados neuroestimuladores na medula espinhal e no Gânglio de Gasser. Esses dispositivos possuem alta tecnologia e podem estimular o nervo. A previsão é que a aplicação do implante ocorra no próximo 27 de julho.

"Espera-se que [os neuroestimuladores] sejam bastante efetivos no tratamento da dor dela. Não há grande número de casos [com esses dispositivos] no mundo, até porque casos como dela são raros, mas a descrição dos casos já feitos foi muito boa”, afirmou Carlos Marcelo. 

O que é neuralgia do trigêmeo?

A neuralgia do trigêmeo é comparada a choques elétricos e até a facadas. O trigêmeo é um dos maiores nervos do corpo humano e é sensitivo, ou seja, controla as sensações que se espalham pelo rosto. Ele tem esse nome porque se divide em três ramos:

  • oftálmico;
  • maxilar, que acompanha o maxilar superior;
  • mandibular, que acompanha a mandíbula ou maxilar inferior.

A dor provocada pela condição é incapacitante e impede que a pessoa consiga fazer atividades simples do dia a dia.

Diagnóstico de Carolina Arruda

O neurocirurgião Marcelo Senna, profissional com ampla experiência no diagnóstico de neuralgia do trigêmeo e que atendeu a jovem há 7 anos, conta que, quando foi procurado, ela já convivia com as dores há quatro anos e tinha passado por vários médicos.

"A neuralgia do trigêmeo não aparece em um exame de imagem. Então, ouvir o histórico dela, as queixas e como os episódios de dor ocorriam foram fundamentais para fechar o diagnóstico, que na idade em que ela estava é extremamente raro. A doença acomete principalmente adultos e idosos em uma faixa etária de 50 a 80 anos", afirmou. 

Após o diagnóstico, a jovem já realizou vários tratamentos com outros médicos e cirurgias, como descompressão microvascular, rizotomia por balão e duas neurólises por fenolização, mas sem alívio que trouxesse qualidade de vida para ela.

Mas, embora esses tratamentos não tenham surtido efeitos positivos na jovem, Marcelo Senna ressaltou que a maioria dos pacientes responde bem ao acompanhamento medicamentoso.