Sob forte pressão após negar a importação da Sputnik V a estados e municípios, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que as exigências feitas ao governo russo “são questões básicas para uma vacina e não são motivos para indignação e tentativa de difamação do Brasil e dos seus servidores”.
A nota foi publicada nesta quarta-feira (5), um dia após o Consórcio Nordeste enviar documentação com informações complementares sobre o imunizante ao órgão.
O impasse entre a Sputnik V e a Anvisa se agravou em 26 de abril. Naquele dia, a diretoria da agência se reuniu para decidir se daria o aval para a compra direta da vacina, com o objetivo de cumprir o prazo para a resposta estipulado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Caso o órgão não se manifestasse a tempo, estados e municípios estariam liberados a fazer a aquisição. Mas, em decisão unânime, os diretores rejeitaram a importação.
No comunicado publicado hoje, a Anvisa diz que, desde o início do processo, tem atuado com ética e respeito com todas as empresas que pretendem ter imunobiológicos contra a Covid-19 autorizados no Brasil.
“Entretanto, a agência não abandonou os preceitos básicos da conduta técnica para a aprovação das vacinas, permitindo concluir que os benefícios da proteção superam os riscos das graves consequências de se adoecer com a Covid-19”, alega.
Segundo a agência, após a reunião do dia 23, foram enviadas cerca de 100 questões referentes à falta de informações para o laboratório desenvolvedor do imunizante.
A instituição acrescenta que “há rigor técnico, sim, em reuniões e trocas de informações, mas não falta respeito pelos países e suas autoridades e nem pelo desenvolvimento científico e pelos esforços que todos estão realizando na tentativa de colocar mais vacinas à disposição da população brasileira”.
Aprovação de outras vacinas
A Anvisa enfatizou que aprovou outros cinco imunizantes, e a autorização do processo da vacina Sputnik V depende do desenvolvedor. Portanto, disse, os estudos devem ser apresentados e as dúvidas referentes às questões devem ser esclarecidas e resolvidas.
"A transparência, o debate técnico qualificado e os dados técnicos podem comprovar a segurança, a eficácia e a qualidade de um produto que pode salvar milhares de vidas", complementou.
Críticas
Ainda em nota, a Anvisa diz que “não está acima das críticas, mas são inadmissíveis os ataques à autoridade sanitária do Brasil e aos seus servidores públicos, que vêm atuando conforme a missão de servir ao Estado brasileiro e de promover a proteção da saúde da população”.