Dias antes do crime, Justiça negou prisão de advogado que matou mãe e cachorro em SP; entenda

O juiz ainda havia determinado a suspensão do porte de arma do investigado

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A Justiça de Guarujá (SP) poderia ter evitado as mortes causadas por Thiago Felipe de Souza Avanci, advogado e ex-secretário municipal que vitimou a mãe, o cachorro e tirou própria vida, caso tivesse determinado a prisão temporária dele. Conforme o portal G1, cinco dias antes do crime Thiago já era investigado por estuprar o sobrinho, um adolescente autista, mas o juiz não considerou a detenção "imprescindível" para as investigações.

O advogado, de 39 anos, foi encontrado morto com a mãe, Sueli Nastri De Souza Avanci, de 72, e o cachorro, na casa onde moravam, no Balneário Praia de Pernambuco, em Guarujá, na terça-feira (17).

A idosa tinha uma marca de tiro, assim como Thiago. O animal não tinha lesões aparentes. Os crimes foram cometidos após a família descobrir sobre os estupros do advogado contra o adolescente.

Juiz determinou distância mínima de adolescente

A decisão por não prender o homem pelo crime de estupro de vulnerável foi dada pela 2ª Vara Criminal de Guarujá no dia 12 de setembro. O juiz considerou que a prisão temporária de Thiago não se mostrava "imprescindível" para o andamento das investigações.

O magistrado, no entanto, determinou medidas protetivas de urgência para o adolescente que foi vítima de Thiago. O ex-secretário municipal deveria manter uma distância mínima de 200 metros do garoto, sendo proibido também de entrar em contato com o menino ou familiares dele.

O juiz ainda determinou a suspensão do porte de arma do investigado, expedindo um mandado de busca e apreensão nos endereços residenciais e profissionais dele.

Prisão temporária

O pedido de prisão temporária de Thiago foi feito pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), por meio do promotor de Justiça de Santos, no dia 9 de setembro. O juiz da 2ª Vara Criminal da cidade, porém, no dia seguinte, declarou que o caso deveria ser julgado pela Justiça de Guarujá, uma vez que o crime foi cometido no município vizinho.

O promotor de Justiça de Guarujá se manifestou no dia 11 de setembro contra o pedido de prisão temporária de Thiago. E o juiz da 2ª Vara Criminal do município acolheu a manifestação.

Relato do adolescente à psicóloga alertou família

Há cerca de 15 dias, o sobrinho do ex-secretário relatou à psicóloga que sentia dores na região do ânus, o que alertou a profissional e os pais do adolescente.

Dias depois, Thiago entregou ao irmão, pai do menino, um envelope com documentos e um pen drive. Nos papéis, ele passava o carro para o nome do sobrinho. Já no pen drive, os familiares encontraram vídeos do advogado estuprando o sobrinho há pelo menos um ano. O caso foi registrado na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). 

No momento da busca e apreensão, o autor do crime não estava em casa, mas, depois, compareceu à delegacia para prestar depoimento e entregar uma pistola. Ele foi liberado e, horas depois, cometeu assassinato contra a mãe e o cachorro.

Com Thiago, a Polícia apreendeu quatro celulares, um notebook, um pen drive, um revólver, uma adaga e munições.