O Brasil tem pelo menos 32 milhões de crianças e adolescentes em situação de pobreza, segundo pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgada nesta terça-feira (14). O número representa 63% do total de meninos e meninas do país.
O estudo 'As Múltiplas Dimensões da Pobreza na Infância e na Adolescência no Brasil' inclui dados sobre renda, educação, trabalho infantil, moradia, água, saneamento básico e informação.
A Unicef alerta para a urgência de priorizar políticas públicas voltadas a crianças e adolescentes. Foram utilizadas informações da Pnad Contínua, pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2019 a 2022.
A pesquisa considera dados de trabalho infantil até 2019. De moradia, água, saneamento e informação até 2021; dados de educação até 2022. O número de 32 milhões é de 2019, que considera meninos e meninas privados de um ou mais desses direitos.
Os indicadores de educação e renda pioraram nos últimos anos, segundo a Unicef . Em 2021, o percentual de crianças e adolescentes abaixo da linha pobreza (menos de 1,9 dólar por dia) alcançou o maior nível dos últimos cinco anos: 16,1%.
Pobreza multidimensional
A Unicef alerta que a pobreza em diversas dimensões se intensificou nos grupos que já viviam em situação mais vulnerável: negros, indígenas e moradores das regiões Norte e Nordeste.
Entre crianças e adolescentes, negros e indígenas, 72,5% estavam na pobreza multidimensional em 2019; contra 49,2% de brancos e amarelos. As principais privações que impactam a infância e a adolescência são:
- falta de acesso a saneamento básico (atinge 21,2 milhões de crianças e adolescentes)
- privação de renda (20,6 milhões)
- acesso à informação (6,2 milhões)
- falta de moradia adequada (4,6 milhões)
- privação de educação (4,3 milhões)
- falta de acesso à água (3,4 milhões)
- trabalho infantil (2,1 milhões)
A Unicef recomenda a ampliação da oferta de serviços e benefícios às crianças e aos adolescentes mais vulneráveis e a implementação com urgência de políticas de busca ativa escolar e retomada da aprendizagem, em especial da alfabetização.
Além disso, o governo deve priorizar a agenda de água e saneamento para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas e implementar meios de identificar precocemente famílias vulneráveis a violências.