Após paredão de fogo, Parque Indígena Xingu tem mais de 34 mil hectares destruídos em MT

O Brasil concentrou 71,9% de todas as queimadas registradas na América do Sul

O Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, onde ocorreu a formação de um "paredão de fogo", na quinta-feira (12), teve 34,3 mil hectares queimados de janeiro deste ano até o momento, como apontam os dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa). As informações são do g1.

Além disso, a terra indígena Capoto Jarina teve 82,1 mil hectares consumidos pelo fogo, o equivalente a 12,9% do território, no mesmo período.

Os líderes indígenas relatam que os focos de incêndio começaram no dia 17 de agosto, próximo de algumas aldeias, e alertam que a situação ameaça a saúde dos moradores.

Guto Dauster, supervisor federal do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), explicou que ainda existem focos de incêndio para serem combatidos e que a prioridade é salvar as pessoas que vivem no local.

"Ainda existem cinco focos de incêndio, estamos tentando controlar, mas nossa força está direcionada para salvar as aldeias próximas", frisou ao g1.

A Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt) indica que 41 terras indígenas foram atingidas pelo fogo até o momento. No Estado, vivem 46 povos em 86 terras indígenas, que são divididas em sete regionais. A área abrange os biomas da Amazônia, Cerrado e Pantanal.

A Defesa Civil informou que 40 brigadistas atuam na localidade que já teve casas e roças queimadas. A Fepoimt afirmou que os incêndios estão destruindo plantações importantes para o sustento de povos indígenas.

Levantamento nacional

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) monitora as queimadas no Brasil e indica que Mato Grosso lidera entre os estados com a maior área afetada em 2024. De janeiro a agosto, MT concentrou 21% da área de queimada ou 2,3 milhões de hectares queimados.

O Cerrado foi o bioma mais impactado pela situação, com 2,4 milhões de hectares, o correspondente a 43% de toda a área queimada no País dentro do período. Na sequência, a Amazônia aparece com 2 milhões de hectares consumidos.

Ações de combate

A Defensoria Pública da União (DPU) mandou um ofício ao Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo e ao Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Federal (Ciman Federal), na quarta-feira (11). A DPU pediu por ações imediatas para combater os incêndios em terras indígenas de Mato Grosso.

Para isso, foram solicitados o envio de recursos humanos, de materiais, o uso das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança. Também foi pedida a elaboração de um plano emergencial para os povos indígenas sobre a prevenção, controle e atendimento às comunidades.

Situação no País

O Brasil concentrou 71,9% de todas as queimadas registradas na América do Sul, nos últimos dois dias, conforme a Agência Brasil. De acordo com dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram 7.322 focos de incêndio nas últimas 48 horas até a sexta-feira (13).

Na sequência, aparecem Bolívia com 1.137 focos (11,2%), Peru com 842 (8,3%), Argentina com 433 (4,3%) e Paraguai com 271 (2,7%) focos de queimadas nas últimas 48 horas.

O Brasil registrou 180.137 focos em 2024, 50,6% dos incêndios da América do Sul. O número é 108% maior em relação ao mesmo período de 2023, quando foram anotados 86.256 focos entre janeiro e 13 de setembro.