Luiz Henrique Mandetta disse, na noite desta segunda-feira (6), que vai permanecer no cargo de ministro da Saúde. A declaração foi feita durante uma entrevista coletiva, realizada em Brasília. O dia foi marcado por rumores sobre a saída do titular da Pasta, que protagonizou divergências com o presidente Jair Bolsonaro sobre o enfrentamento contra a pandemia do novo coronavírus.
"Nós vamos continuar, porque continuando a gente vai enfrentar nosso inimigo, que tem nome e sobrenome: Covid-19", disse aos jornalistas. Ele avisou que não responderia às perguntas da imprensa.
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Ele relatou os rumores sobre sua demissão. "Gente limpando gaveta. Até as minhas gavetas foram limpas", descreveu Mandetta, que agradeceu à solidariedade de quem defendeu sua permanência.
O processo de desgaste de Mandetta se acentuou nas últimas semanas com Bolsonaro defendendo o relaxamento das medidas de isolamento social, enquanto o ministro passou a defender as decisões de governadores de impor restrições rígidas à circulação de pessoas no espaço público.
No último domingo (5), em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, transmitida ao vivo nas redes sociais do próprio presidente, Bolsonaro já havia revelado intenção de exonerar Mandetta do cargo. Sem revelar nomes, afirmou que não tinha medo de “usar a caneta” para demitir auxiliares, se referindo ao objeto ao qual tenta constantemente atribuir o poder de suas decisões.
“Algo subiu à cabeça deles. Estão se achando demais. Eram pessoas normais, mas, de repente, viraram estrelas. Falam pelos cotovelos, têm provocações. A hora deles não chegou ainda não. Vai chegar a hora deles, porque a minha caneta funciona", disse sobre integrantes do seu Governo.
Mandetta não é o único ministro a discordar de Bolsonaro quanto ao posicionamento sobre as medidas de quarentena. Dois dos nomes mais expressivos do primeiro escalão, Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública, e Paulo Guedes, da Economia, já se declararam publicamente favoráveis às medidas de isolamento social. Mas, diante de um cenário de pandemia, o epicentro do desgaste é o Ministério da Saúde.