O presidente afegão, Ashraf Ghani, deixou o Afeganistão, neste domingo (15), onde o Talibã assumiu o poder, informou o ex-vice-presidente Abdullah Abdullah.
"O antigo presidente afegão deixou o país", disse Abdullah, que também é o chefe do Alto Conselho para a Reconciliação Nacional, em um vídeo postado em sua página no Facebook.
O Talibã chegou à capital do Afeganistão, Cabul, neste domingo (15), onde tentava convencer o governo afegão a optar "por uma rendição pacífica", segundo disse um porta-voz do grupo.
O grupo extremista afirma ter tomado vários distritos de Cabul para "garantir a segurança". Fontes informaram que eles também ocuparam o palácio presidencial, horas depois que o líder Ashraf Ghani fugiu do país.
"Unidades militares do Emirado Islâmico do Afeganistão entraram na cidade de Cabul para garantir a segurança", tuitou o porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, acrescentando que "o avanço continua normalmente".
Suhail Shaheen, um dos porta-vozes do Talibã, disse ao canal de notícias Al-Jazeera que o grupo está buscando uma rendição incondicional do governo central do país. Em comunicado, a milícia afirmou, por outro lado, que não pretende tomar a cidade "à força", com a ressalva de que essa não é uma declaração de cessar-fogo. "Não queremos que nenhum afegão civil e inocente seja ferido ou morto enquanto tomamos o controle."
O líder do Talibã em Doha, capital do Catar, afirmou que "foi pedido aos combatentes para permanecerem nos pontos de entrada de Cabul". "Os mujahideen não mataram e nem feriram ninguém na cidade", disse, utilizando o termo usado pela milícia para se referir a seus integrantes.
Transferência de Poder
Negociadores do Talibã dirigiram-se ao palácio presidencial para discutir a transferência de poder, disse uma autoridade afegã que falou à agência Reuters sob condição de anonimato por temer represálias. Não ficou claro quando essa transferência aconteceria.
O Ministério do Interior do Afeganistão informou à agência de notícias que os insurgentes entraram na cidade "por todos os lados".
No Twitter, a conta oficial do gabinete do presidente afegão afirmou ainda que disparos foram ouvidos em diversos pontos da cidade, mas que, até o momento, as forças de segurança mantêm a situação sob controle.
Embaixada deixa sede
Os funcionários da embaixada dos Estados Unidos em Cabul foram levados às pressas para o aeroporto da capital afegã, para onde milhares de soldados americanos foram enviados, informou, neste domingo (15), o secretário de Estado, Antony Blinken.
"Transferimos os homens e mulheres de nossa embaixada para o aeroporto. Por esse motivo, o presidente enviou numerosos militares", explicou à rede ABC.
Apesar da retirada precipitada, o chefe da diplomacia americana rejeitou comparações entre a situação em Cabul e a queda de Saigon, no Vietnã, em 1975, reiterando que os Estados Unidos haviam "alcançado seus objetivos" na guerra do Afeganistão.
"Isso não é Saigon", disse o secretário de Estado à ABC. "Entramos no Afeganistão há 20 anos com uma missão e essa missão era confrontar aqueles que nos atacaram em 11 de setembro. Essa missão foi bem-sucedida".