A equipe política da líder de oposição venezuelana María Corina Machado informou, nesta quinta-feira (9), que ela foi "libertada" após ser "retida à força" ao final de uma manifestação contra a posse de Nicolás Maduro, na capital Caracas. Segundo o comunicado, María foi interceptada, derrubada da moto em que viajava e, em seguida, sequestrada. Na ação, houve ainda disparos de arma de fogo.
"Saindo da concentração em Chacao, Caracas, María Corina Machado foi interceptada e derrubada da moto em que viajava. Na ocorrência, armas de fogo foram detonadas. Durante o período de seu sequestro foi forçada a gravar vários vídeos e em seguida foi libertada", diz a publicação na rede X.
No entanto, o ministro do Interior da Venezuela negou a prisão de Corina Machado. "Uma invenção, uma mentira', argumentou o gestor. Outros membros do governo Maduro definiram o caso como "distração" e "ideia vendida" pela direita.
Ministério Público da Venezuela acusa María Corina por uma série de crimes. Ao The Wall Street Journal, a líder política afirmou, em agosto, que estava escondida por temer pela própria vida.
Protestos
Antes de ser presa nesta quinta-feira (9), Corina Machado, de 57 anos, reapareceu em público pela primeira vez desde 28 de agosto, um mês após as eleições que a oposição afirma que Maduro "roubou" de seu candidato Edmundo González Urrutia. Em cima de um veículo, vestida de branco e com uma bandeira venezuelana, ela acenou para apoiadores.
"Se algo acontecer comigo, a instrução é bastante clara [...] ninguém vai negociar a liberdade da Venezuela pela minha liberdade", disse ela.
Milhares de venezuelanos protestam em todo o país. Opositores e chavistas replicaram concentrações em outras cidades como Ciudad Guayana, San Cristóbal e Maracaibo.
Prisões
Mais de 2.400 pessoas foram detidas nas horas seguintes à proclamação da vitória de Maduro para um terceiro mandato de seis anos, a qual gerou protestos que resultaram em 28 mortes e quase 200 feridos. Os detidos, entre os quais há mais de uma centena de adolescentes, foram acusados de "terrorismo" e levados a prisões de segurança máxima.
Muitos foram detidos sem mandado de prisão, enquanto crescem as denúncias de maus-tratos e torturas. Dois dos detidos - um homem de 44 anos e outro de 36 - morreram sob custódia das autoridades. Também foram registradas tentativas de suicídio.
A oposição liderada por María Corina Machado afirma que seu candidato, Edmundo González, ganhou a eleição contra Maduro, cuja vitória foi contestada pelos Estados Unidos, União Europeia e vários países da América Latina.
No entanto, a capacidade de mobilização da oposição perdeu força em meio a um clima generalizado de medo.