Horas após a recusa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os fabricantes da Sputnik V, vacina russa contra a Covid-19, criticaram nesta terça-feira (27) a decisão do governo brasileiro de não autorizar a importação do fármaco.
"Os atrasos da Anvisa na aprovação da Sputnik V são, infelizmente, de natureza política e não têm nada a ver com acesso à informação ou ciência", afirma a conta no Twitter da vacina russa.
A publicação é uma resposta a Anvisa, que negou nessa segunda-feira (26) um pedido de vários estados brasileiros para importar a vacina russa Sputnik V. A diretoria colegiada considera que faltam dados técnicos para verificar a segurança e eficácia do produto.
"O Departamento de Saúde dos Estados Unidos, em seu relatório anual de 2020 há vários meses, declarou publicamente que o adido de saúde dos Estados Unidos 'persuadiu o Brasil a rejeitar a vacina russa'", completa.
Demanda
Além do Ceará, que adquiriu 5,87 milhões de doses, os pedidos de importação também foram realizados pelos estados do Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Sergipe e Tocantins, e dos municípios de Maricá e Niterói.
No entanto, os cinco diretores da Anvisa seguiram as recomendações da área técnica da agência, que identificou diversas "incertezas" em relação à segurança e eficácia do imunizante, que ainda não foi aprovado pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) ou pelo FDA (Administração Federal de Alimentos e Medicamentos) dos Estados Unidos.
"Seguiremos adiante com nossos contatos. Se falta informação, será fornecida. Não deveria existir nenhuma dúvida a respeito", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
A vacina Sputnik V está sendo aplicada em países, como Rússia, Argentina, México e Venezuela. Segundo o Instituto Gamaleya, que desenvolveu o imunizante, o fármaco foi autorizado em mais de 60 países.
Eficácia
No último mês de fevereiro, a prestigiosa revista médica The Lancet divulgou que a eficácia da Sputnik V era de 91,6%, um dado que despertou as dúvidas sobre sua confiabilidade.
Em uma tentativa de agilizar os planos de vacinação, uma dezena de estados do Norte e Nordeste do Brasil assinaram contratos com o Fundo Soberano da Rússia (RDIF), que financiou o desenvolvimento da Sputnik V, para a compra de mais de 39 milhões de doses.
Todas as vacinas compradas pelo Consórcio Nordeste seriam incorporadas ao Plano Nacional de Imunização (PNI). O governo federal brasileiro adquiriu outros 10 milhões.