Após impasse sobre nova soltura de reféns, Hamas libera segundo grupo neste sábado (25)

Hamas acusou Israel de violar o acordo de cessar-fogo temporário e havia decidido adiar a libertação dos reféns. Catar e Egito fizeram a mediação

Um grupo com 17 reféns foi solto pelo Hamas na noite deste sábado (25), no segundo dia de acordo com Israel por um cessar-fogo temporário na Faixa de Gaza. Entre eles, estão 13 israelenses — oito crianças e cinco mulheres — e quatro estrangeiros, que não tiveram as nacionalidades divulgadas. Eles cruzam a fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito em carros da Cruz Vermelha e foram para Kerem Shalom, kibutz no sul de Israel.

O exercito local divulgou os nomes dos 13 reféns israelenses:

  • Shoshan Haran, de 67 anos
  • Adi Shoham, de 38 anos, filha de Shoshan
  • Yahel, de 3 anos, filha de Adi
  • Naveh, de 8 anos, filho de Adi
  • Shiri Weiss, de 53 anos
  • Noga Weiss, de 18 anos, filha de Shiri
  • Maya Regev, de 21 anos
  • Hila Rotem, de 12 anos
  • Emily Hand, de 9 anos
  • Noam Or, de 17 anos
  • Alma Or, de 13 anos
  • Sharon Avigdori, de 52 anos
  • Noam Avigdori, de 12 anos, filha de Sharon

A decisão pela libertação dos reféns foi informada pelo Catar, um dos mediadores do acordo entre Israel e Hamas. Antes, o grupo extremista havia decidido adiar a soltura até que Tel Aviv (cidade israelense) se comprometesse com a permissão da entrada de caminhões de ajuda humanitária na região norte do território palestino.

Houve uma série de divergências de informações de porta-vozes de ambos os lados em conflito e os mediadores — Catar e Egito — intensificaram suas ações para viabilizar a soltura dos reféns.

DIVERGÊNCIAS

Uma divergência de informações relacionadas aos grupos de reféns ocorreu. Enquanto o braço armado do Hamas afirmou que decidiu adiar a segunda rodada de libertação, outra fonte do Hamas disse, à agência de notícias AFP, que a entrega de 14 reféns israelenses à Cruz Vermelha já teria começado.

Segundo a fonte, os detidos estariam sendo levados para a cidade de Khan Yunis, ao sul da Faixa de Gaza, para serem soltos. Fato que as autoridades israelenses negam.

"50 DIAS DE INFERNO"

Na cidade de Tel Aviv, cerca de 50 mil israelenses, de todas as idades, se reuniram próximo ao Museu de Arte da cidade para marcar os "50 dias de inferno" - em referência à duração da guerra - e pedir o retorno dos reféns. 

Segundo relatos, algumas pessoas no local estariam utilizando camisetas pretas com as inscrições "os traga para casa" e outros foram com cachorros usando tags com os nomes dos sequestrados.

Neste sábado (25), o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, realizou sua primeira visita à Gaza desde o início da guerra. No local, ele disse que as forças israelenses não deixarão o território palestino até que todos os reféns sejam devolvidos a Israel.

Gallant também disse que o cessar-fogo será de curta duração. "Quaisquer novas negociações [com o Hamas] se darão sob ataque. Ou seja, se quiserem continuar a discutir o próximo [acordo], será enquanto as bombas caem e as forças estão lutando."

"TERMOS VIOLADOS"

Taher al-Nono, porta-voz do governo palestino, afirmou, neste sábado (25) ao canal catari Al Jazeera, que Israel violou os termos do cessar-fogo temporário ao não cumprir as cláusulas relativas à entrada de caminhões de ajuda humanitária em Gaza.

Conforme o jornal Times of Israel, Israel teria permitido a entrada de 200 caminhões na Faixa de Gaza, conforme exigido pelo acordo, sendo que 50 desses teriam chegado à porção norte do território.

Em resposta, ainda neste sábado (25), outro porta-voz do Hamas afirmou que 340 caminhões entraram em Gaza desde sexta, todavia, 65 chegaram ao norte, número que é seria menos da metade do que Israel havia acordado.

REFÉNS SOLTOS

Nos termos do acordo de cessar-fogo, firmado entre Israel e o Hamas, com a mediação do Qatar, a partir da madrugada da sexta-feira (24) aconteceria a libertação de 50 dos cerca de 240 reféns mantidos pelo Hamas em Gaza

Em contrapartida, Tel Aviv se comprometeu a soltar 150 mulheres e menores de idade palestinos detidos em presídios israelenses. Cerca de três palestinos soltos para cada israelense.

Sendo assim, o primeiro grupo de reféns foi libertado na última sexta-feira (24), por volta das 16h30 do horário local (11h30 em Brasília). No grupo, além dos 13 cidadãos residentes em Israel, como previsto, o Hamas ainda libertou mais 11 capturados, dez deles tailandeses e um filipino.

No processo de libertação, eles foram encaminhados, em um primeiro momento, a um hospital em Khan Yunis, pela equipe da Cruz Vermelha que os recebeu e, mais tarde, levados até o Egito pela passagem de Rafah, na fronteira com Gaza. Em seguida, retornaram a Israel.

Como parte do acordo, em troca, Tel Aviv soltou 39 mulheres e menores de idade detidos em penitenciárias israelenses. No momento da libertação, uma multidão os aguardava em frente a Ofer, uma unidade carcerária perto de Ramallah, na Cisjordânia ocupada, para celebrar seu retorno.

ESTENDER A TRÉGUA

É esperado que cada grupo que seja solto pelo grupo extremista tenha ao menos 13 pessoas. No entanto, existe a possibilidade que o número de libertados pelo Hamas seja maior que esse, tendo em vista que Tel Aviv se propôs a estender a trégua por mais 24 horas a cada novo grupo de dez sequestrados retornem a Israel.

O Hamas também disse que, entre os demais termos do acordo, o Exército israelense teria se comprometido a suspender o tráfego aéreo sobre o norte de Gaza das 8h às 16h no horário local (3h às 11h em Brasília), e interromper completamente os voos sobre o sul durante o cessar-fogo. Também concordaram em não atacar ou prender ninguém em Gaza.