O telescópio espacial James Webb, da Nasa, capturou, no fim de julho deste ano, imagens de objeto vermelho muito semelhante a um “ponto de interrogação”. A descoberta espacial aconteceu enquanto o telescópio registrava a formação de um par de estrelas jovens, a cerca de 1.470 anos-luz da Terra, na Constelação Vela.
O objeto — localizado entre as duas estrelas batizadas de Herbig-Haro 46/47 — chamou a atenção dos cientistas por parecer inusitado, porém, esse fato curioso mostra algo bem comum no nosso Universo: duas galáxias em um processo de fusão.
FUSÃO DE GALÁXIAS
Em entrevista ao site Space, representantes do Space Telescope Science Institute em Baltimore, Estados Unidos (EUA), responsáveis por operar o James Webb, falaram sobre a imagem.
“Provavelmente é uma galáxia distante, ou galáxias potencialmente interativas. Suas interações podem ter causado a forma distorcida do ponto de interrogação”.
O professor assistente de física na Universidade de Illinois, Matt Caplan, reforça a tese de que o ponto de interrogação, na verdade, deve ser a fusão de duas galáxias. Para ele, a parte superior do ponto de interrogação integra uma galáxia maior, que está sendo interrompida.
“Dada a cor de algumas das outras galáxias de fundo, esta não parece ser a pior explicação. Apesar de quão caóticas são as fusões, objetos de lóbulos duplos com caudas curvas que se estendem para longe deles são muito típicos”, disse o físico.
INTERROGAÇÃO DISTANTE
Ainda conforme o Instituto, a cor vermelha do ponto de interrogação indica que ele está muito distante do planeta. Em entrevista concedida ao G1, o astrofísico Rogemar Riffel, da Universidade Federal de Santa Maria, também falou sobre o que seria a descoberta.
“Tudo indica que são galáxias distantes que estão interagindo. Um par de galáxias em processo de fusão, o que resultará em uma única galáxia mais massiva”, disse o astrofísico.
“A cor do objeto é semelhante à cor de outras galáxias de fundo que aparecem na imagem. Isso indica que estão mais ou menos na mesma distância e se formaram na mesma época”, concluiu.
De acordo com a Agência Espacial Europeia (ESA), Herbig-Haro 46/47 têm sido estudadas por diversos telescópios tanto na Terra quanto no espaço desde a década de 50. Contudo, esta pode ser a primeira vez que o objeto foi observado por humanos.
“O acompanhamento adicional seria necessário para descobrir o que é com alguma certeza. Webb está nos mostrando muitas galáxias novas e distantes, então há muita ciência nova a ser feita”, disseram os responsáveis pelo James Webb.