Com a produção de veículos ainda irregular em decorrência dos efeitos da pandemia do coronavírus no Brasil, os preços de carros novos seguem em patamar elevado, e encontrar modelos 0Km abaixo de R$ 50 mil - ou próximo disso - é uma tarefa cada vez mais difícil.
Levantamento feito pela reportagem na tabela da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e em revendedoras mostra que, entre os oito carros pesquisados, a Fiat detém o modelo de menor preço. É o Mobi Easy Comfort 1.0 Flex., de R$ 36.134, valor apontado pela Fipe.
No entanto, nas concessionárias de Fortaleza, em consulta feita por meio do site da Fiat, o menor preço para o Mobi Easy encontrado pela reportagem foi R$ 41.990.
Ranking de carros mais baratos (Fipe):
- Mobi Easy Comfort 1.0 Flex: R$ 36.134 / a partir de R$ 41.990 nas concessionárias
- Kwid Life 1.0 Flex 12V: R$ 42.106
- Ka 1.0 S TiVCT Flex: R$ 50.090
- Uno Attractive 1.0 Fire Flex 8V: R$ 54.124
- HB20 Sense 1.0 Flex 12V: R$ 57.549
- Gol 1.0 Flex 12V: R$ 57.581
- Fox Connect 1.6 Flex 8V: R$ 60.385
- Onix Hatch 1.0 12V Flex: R$ 61.655
Em seguida aparece a Renault, com o Kwid. O Kwid Life 1.0 Flex 12V da montadora francesa está a R$ 42.106 na tabela Fipe.
A Ford, que anunciou em janeiro deste ano o encerramento das atividades de suas fábricas no Brasil - afetando, inclusive, a fábrica da montadora no Ceará -, conta com o Ka 1.0 S TiVCT Flex por R$ 50.090. No site da Ford, o KA Hatch S 1.0 estava anunciado por R$ 49.990 à vista.
Também da Fiat, o Uno Attractive 1.0 Fire Flex 8V 0KM está a R$ 54.124, conforme a tabela Fipe.
O Fox Connect 1.6 Flex, cujo valor da tabela Fipe é R$ 60.365, tem valor de R$ 58.770 no site da montadora. O Gol 1.0 foi encontrado a R$ 56.760.
O HB20 Nova Geração Sense tinha como preço sugerido no site da Hyundai R$ 54.490. Já o Onix Joy 1.0 foi encontrado a partir de R$ 59.460 no site da GM Chevrolet.
Pandemia encarece carros
O vice-presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores no Ceará (Fenabrave-CE), Lewton Monteiro, reforça que o encarecimento dos veículos novos é consequência da pandemia.
“A produção mundial de componentes foi afetada e consequentemente a disponibilidade desses produtos no mercado está bem menor”, pontua.
Como resultado, há um aumento de preços em geral, mas Lewton pontua que carros mais populares, que são os carros de entrada, acabam sendo fortemente afetados por proporcionarem às concessionárias e montadoras uma margem de lucro menor.
“Quando acontece esse tipo de situação (de escassez de peças), a indústria começa a ser seletiva em seus produtos de fabricação. No mercado, os carros de entrada são os que mais fazem falta hoje. São veículos que dão menos rentabilidade, porque os carros de entrada são vendidos em volume, os compradores normalmente são frotistas, empresas, governo, locadoras”
Valor agregado
Ele pontua, portanto, que diante da baixa oferta de componentes, as montadoras priorizam veículos com maior valor agregado “para garantir a rentabilidade mesmo com a produção de um volume menor”.
“Nesse momento de escassez, é natural uma seleção das montadoras priorizando veículos de maior valor agregado. Isso traz para a ela maior rentabilidade na produção”, frisa o vice-presidente da Fenabrave no Ceará.
Sem horizonte de normalização
Na avaliação de Lewton Monteiro, a baixa oferta de componentes e custo alto de produção é um cenário que deve continuar até o abrandamento da pandemia.
“Há a tendência de estabilização com o tempo, com as produções entrando em sua normalidade. Quando tivermos um cenário mais parecido com o de antes da pandemia”, destaca.
Em abril, as vendas de carros novos no Ceará dispararam 189% ante março, de acordo com dados da Fenabrave. No quarto mês do ano foram emplacadas 5,2 mil unidades no Estado. Ônix, HB20, Gol, Kwid, Mobi e Uno estão entre os 10 mais vendidos do mês.