Tiamina: o que é, para que serve e onde pode ser encontrada

Conheça mais a chamada “vitamina da moral”, considerada importante para a produção de energia do organismo

A tiamina, também conhecida como vitamina B1, é um micronutriente solúvel em água que desempenha um papel importante no metabolismo energético do corpo. Ela ajuda a converter os alimentos em energia utilizável e também é importante para o coração e a digestão.

De acordo com a pediatra, especializada em nutrologia, Renata Martins*, é chamada, ainda, de vitamina anti-fadiga. “Também é importante para o processo de digestão, pois atua na produção de ácido clorídrico (suco gástrico), para a memória e para o bom funcionamento do sistema nervoso e cardiovascular”, detalha.

Pesquisas apontam o potencial papel do micronutriente em doenças como diabetes, insuficiência cardíaca, doença de Alzheimer e depressão. Junto a outras vitaminas do complexo B, há relatos de estudos clínicos do uso da tiamina no tratamento de distúrbios neurológicos, incluindo a dor neuropática. 

Devido ao papel da tiamina no funcionamento do sistema nervoso, à produção de energia e aos efeitos sobre o estado mental, é constantemente chamada como “vitamina da moral”.

O que é tiamina?

A tiamina é uma das vitaminas do complexo B. Isso se dá porque ela compartilha semelhanças entre os outros nutrientes da família, o que é chamado cientificamente de “vitâmeros”. Ela se dissolve em água, sendo essa uma característica muito benéfica para o corpo, segundo a nutróloga, já que o excesso do nutriente é eliminado pela urina ou, até mesmo, pelo suor.

No corpo, a tiamina é absorvida no intestino delgado e transportada para o fígado, onde será captada por glóbulos vermelhos e brancos do sangue. Então, acrescenta Renata Martins, é entregue em locais com altas necessidades metabólicas, tais como cérebro, miócitos cardíacos, fígado, pâncreas, músculos esqueléticos e lisos.

Para que serve a tiamina?

A tiamina é um micronutriente com múltiplas funções; contudo, a principal diz respeito ao metabolismo de carboidratos. Além de atuar contra a fadiga, é importante para o processo de digestão e para o bom funcionamento do sistema nervoso e cardiovascular, descreve a nutróloga. Como a tiamina tem certo poder antioxidante, é utilizada por alguns especialistas para inibir o envelhecimento, assim como os efeitos oxidativo do consumo de álcool e de tabaco.

Recomendação de ingestão

Segundo a tabela RDA (Recommended Dietary Allowance - Ingestão Dietética Recomendada), o consumo diário de tiamina indicado é:

  • 1,2 mg ao dia, para homens adultos e adolescentes com 14 anos ou mais.
  • 1 mg ao dia, para mulheres entre 14 e 18 anos.
  • 1,1 mg ao dia, para mulheres com 19 anos ou mais.

Confira a recomendação de vitamina B1 para outras faixas etárias:

Bebês de até 1 ano

  • 0 a 6 meses: 0,2 mg/dia
  • 7 a 12 meses: 0,3 mg/dia

Crianças

  • 1 a 3 anos: 0,5 mg/dia
  • 4 a 8 anos: 0,6 mg/dia
  • 9 a 13 anos: 0,9 mg/dia

Gestantes e mulheres que amamentam

  • 19 a 50 anos: 1,4 mg/dia.

Tiamina e aumento de peso

Vitaminas não engordam, frisa a nutróloga. “No caso da tiamina, o que pode acontecer com uma pessoa que tinha déficit da substância e passa a consumi-la adequadamente é que o melhor funcionamento do organismo regula o apetite, fazendo com que o indivíduo que estava sem fome tenha suas funções metabólicas normalizadas e, consequentemente, vontade de comer”, detalha.

No entanto, se a pessoa tiver uma alimentação saudável, ela não terá um ganho de peso além do saudável, frisa a entrevistada. “Além disso, o medo de engordar não deve fazer com que alguém deixe de consumir vitamina B1, pois a falta do nutriente pode gerar problemas no sistema nervoso e cardiovascular”, acrescenta.

Principais dúvidas

Quais os sintomas da falta de vitamina b1 no organismo?

A deficiência de tiamina pode causar perda de apetite e de peso, além de comprometer funções do sistema nervoso e cardiovascular, uma doença conhecida como beribéri, explica a nutróloga. “Isso pode gerar problemas como hipertrofia do coração e alteração de batimentos cardíacos, falta de coordenação e equilíbrio e sintomas neurológicos como apatia, confusão, perda de memória recente e irritabilidade”, diz.

Quais alimentos têm vitamina B1?

As fontes de B1 são: carne vermelha, fígado bovino, atum, carne de porco, iogurte, leite, gema de ovo, feijão, arroz, aveia, cevada, castanha-do-pará, avelã, pistache e milho.

Quais os efeitos colaterais?

Caso o consumo seja muito acima do recomendado, a ponto de provocar hipervitaminose, detalha Renata Martins, poderá ocorrer interferência no metabolismo de outras vitaminas do complexo B, como a B12. “Alguns sintomas da hipervitaminose são: neuropatias, disfunções cerebrais e cardiovasculares. No entanto, vale reforçar que esse quadro é difícil de acontecer com uma alimentação balanceada e saudável”, afirma. A profissional orienta que, antes de tomar qualquer suplemento, é muito importante buscar orientação de um profissional de saúde.

Quando a suplementação de vitamina B1 pode ser indicada?

Só é indicada, de acordo com a nutróloga, quando for identificada deficiência do micronutriente, por meio de exames laboratoriais. “Crianças, gestantes, mulheres que amamentam e idosos fazem parte do grupo que merece atenção às recomendações nutricionais de ingestão da vitamina B1”, alerta.

*Renata Martins Pinto Mesquita é médica pediatra formada pela Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte, com pós-graduação em nutrologia geral e pediátrica pela Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Atende em consultório com foco no acompanhamento integral da criança e adolescente.