O nosso organismo depende de uma alimentação saudável e equilibrada para exercer plenamente todas as funções. No corpo, há uma grande comunidade de bactérias que podem ser consideradas benéficas para o sistema intestinal e, por consequência, para nossa saúde: os probióticos.
Inúmeros estudos indicam que "os microrganismos que compõem a denominada microbiota intestinal têm grande relação com o estado saudável ou até mesmo estão ligados a algumas doenças", como explica a nutricionista clínica Nathália Lobo*.
Definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como microrganismos vivos, os probióticos são "bactérias do bem", que, quando ingeridas em quantidades adequadas, dão aos alimentos uma função além da nutricional. Ainda segundo dados da OMS, existem em torno de 100 trilhões de microrganismos no intestino. Quando estão em harmonia, eles trazem muitos benefícios, desde uma melhor absorção de nutrientes e produção de hormônios, chegando a abarcar até 80% das células imunológicas do corpo.
De acordo com a nutricionista, os probióticos "facilitam a formação de uma barreira de proteção no nosso intestino, inibindo o desenvolvimento de bactérias que causam doenças e fortalecendo a nossa imunidade".
Tais bactérias podem ser incorporadas a alimentos fermentados e não-fermentados, além de comercializados como suplementos em forma de cápsulas, comprimidos e fórmulas líquidas, sendo também muito comuns no leite materno, tão importante para o desenvolvimento dos bebês. Sua suplementação é geralmente prescrita por médicos ou nutricionistas quando há desequilíbrio na flora intestinal.
O que são os probióticos e quais são os benefícios?
O nome “probiótico” significa "a favor da vida". Isso porque, na origem do latim, os termos são traduzidos de pro (a favor) e bios (vida).
Os probióticos são microrganismos vivos capazes de melhorar o equilíbrio da microbiota intestinal, conforme explica a nutricionista Nathália Lobo. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o órgão responsável por regulamentar esse tipo de item no Brasil e considera probióticos produtos que tenham na composição Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus casei shirota, Lactobacillus casei variedade rhammosus, Lactobacillus casei variedade defensis, Lactobacillus.
Os principais benefícios são:
- Ajudam a aumentar o número de bactérias boas na microbiota intestinal, mantendo-a controlada;
- Recuperam a barreira de proteção da microbiota após o uso de antibióticos;
- Equilibram as funções gastrointestinais;
- Combatem organismos que provocam doenças;
- Estimulam o sistema imunológico;
- Ajudam a regular o funcionamento do intestino (em casos de diarreia ou constipação);
- Ajudam a melhorar as condições de absorção de nutrientes importantes (vitaminas e minerais), já que essa absorção acontece em nosso intestino.
- Produção de ácidos graxos de cadeia curta;
- Produção de vitaminas e minerais, como B12, K, tiamina e riboflavina;
- Prevenção de doenças autoimunes
Para que servem os probióticos?
Possuem a função de regular a nossa microbiota intestinal, abastecendo-a com "bons soldados". Eles ajudam a melhorar desequilíbrios gastrointestinais e atuam na prevenção e tratamento de doenças. Fazem um papel de imunomoduladores, ou seja, cuidam para manter a imunidade sempre forte.
Qual a diferença entre probióticos e prebióticos?
Os microorganismos são complementares: a ação dos prebióticos colabora para a proliferação das bactérias boas, isto é, os probióticos. Portanto, é como se os prebióticos (fibras) fossem uma espécie de alimento para essas bactérias, ressalta a profissional de saúde. Tais fibras estimulam a vida e a reprodução de grupos específicos de bactérias que habitam o nosso intestino, causando mudanças benéficas na atividade e composição da microbiota intestinal. Já os probióticos são os microrganismos vivos que conferem vários benefícios à nossa saúde.
Além dos probióticos e prebióticos, existem os simbióticos. Eles, por sua vez, são alimentos que possuem probióticos e prebióticos combinados.
Alimentos com probióticos
Existem alimentos com ação probiótica e que podem ser consumidos com o objetivo de melhorar a colonização de bactérias do bem, explica Lobo. Dentre eles estão: leite fermentado, iogurte natural, kefir, kombucha. O leite fermentado é obtido a partir da fermentação do leite desnatado.
"O iogurte natural é o mais comum dos probióticos e o mais acessível, pela facilidade de encontrarmos em qualquer supermercado ou mercearia. O kefir é também um produto fermentado por ação de bactérias e de levedura. Tem consistência e sabor semelhante ao iogurte, mas tem um valor de probióticos mais elevado. Kombucha é uma bebida fermentada que é feita a partir do chá-preto ou chá-verde. Não existem doses específicas recomendadas", detalha a profissional de saúde.
Por quanto tempo posso tomar probióticos?
Quando pensamos na suplementação de probióticos é importante que seja sempre acompanhada por nutricionista ou médico. A duração do tratamento será mensurada conforme a avaliação dos sintomas e melhora do quadro geral do paciente. "Em geral, a suplementação é prescrita para um intervalo que varia de um a três meses", pontua Nathália Lobo.
Candidíase
A candidíase é uma infecção provocada por um tipo de fungo, que atinge mais comumente as mulheres. Para o tratamento, é importante manter o organismo em equilíbrio e o sistema imunológico fortalecido, ressalta a nutricionista.
Em geral, é recomendada a administração de probióticos à base de lactobacilos, que atuam na microbiota vaginal, a parte normalmente mais debilitada pela doença. Os lactobacilos constituem a flora vaginal e produzem o ácido lático, que ajuda no reestabelecimento do PH vaginal.
Quais os melhores probióticos para a infância?
Nessa época da vida, os probióticos desempenham papel importante no tratamento de diarreias e constipações, gastroenterites, doenças inflamatórias intestinais e para melhorar o sistema imune, frisa Nathália Lobo.
"No caso das diarreias, por exemplo, temos a ótima ação do Lactobacillus Rhamnosus. Essa cepa bacteriana também é bastante estudada na prevenção e tratamento de processos infecciosos gastrointestinais. Existem outras cepas importantes em casos específicos, mas os Lactobacillus são mais amplamente conhecidos nessa faixa etária", acrescenta.
*Nathália Lobo é graduada em Nutrição Clínica pela Universidade de Fortaleza (Unifor). Com especialização em Nutrição Funcional e Fitoterapia (Unifor), especialização em Transtorno do Espectro Autista pelo Child Behavior Institute (Miami), especialização em Nutrição Pediátrica pelo IPGS e formação em Seletividade Alimentar pela Faculdade Inspirar.