A hanseníase é uma doença crônica causada por uma bactéria, podendo afetar qualquer pessoa. Caracteriza-se por alteração, diminuição ou perda da sensibilidade térmica, dolorosa, tátil e força muscular, principalmente em mãos, braços, pés, pernas e olhos.
O Brasil é o segundo país do mundo em número de casos, atrás da Índia, de acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa). Além disso, o País é o primeiro em incidência, ou seja, tem maior proporção de casos novos, quando se compara o número de doentes ao tamanho da população.
Diagnosticar cedo é o elemento mais importante para evitar transmissão, complicações e deficiências. Importante reforçar que, apesar de a hanseníase ser uma doença contagiosa, assim que o paciente iniciar o tratamento não haverá mais risco de transmissão, portanto, não precisa ficar isolado do restante da família, frisa a médica dermatologista Aline Valeriano*.
O que é hanseníase?
Trata-se de uma doença infecciosa, causada pela bactéria Mycobacterium leprae e anteriormente conhecida como lepra.
Quais são os sintomas?
As lesões da hanseníase são variáveis e incluem desde manchas avermelhadas a algumas mais claras que o tom da pele do paciente. Podem ocorrer também caroços e inchaços na pele, orelhas e estruturas faciais como o nariz, explica a médica dermatologista. Além disso, pode acontecer a perda das sobrancelhas, chamada de madarose.
Um sintoma bem característico, acrescenta Aline Valeriano, é a perda de sensibilidade e sensação de dormência. Portanto, há comprometimento da pele e dos nervos. Outros sintomas são:
- Diminuição da força muscular, com dificuldade para pegar ou segurar objetos;
- Nervos engrossados e doloridos;
- Feridas difíceis de curar, principalmente em pés e mãos;
- Coceira ou irritação nos olhos;
- Entupimento, sangramento ou ferida no nariz.
Como funciona a transmissão?
Ocorre principalmente pela via área através das gotículas do ar. Mas é válido destacar que os bacilos podem ser encontrados em outros fluidos corporais. “Por isso, observamos outros sintomas menos frequentes, como infertilidade e alterações oculares, por exemplo”, ressalta a dermatologista.
Como é feito o tratamento?
É realizado através da poliquimioterapia disponibilizada gratuitamente pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O tratamento pode durar de seis meses a um ano, a depender do tipo de hanseníase que o paciente apresenta, detalha Aline Valeriano. “O tratamento precoce reduz os riscos de atrofias e sequelas ao interromper a progressão da doença”, adiciona.
Como funciona a prevenção?
Acontece com o tratamento precoce para evitar que siga o ciclo de transmissão. Além disso, a vacina BCG-ID, que não é específica para a hanseníase, tem demonstrado um efeito protetor contra a doença, reduzindo a morbidade, possibilitando manifestações clínicas mais brandas caso o paciente desenvolva a doença.
Hanseníase coça?
Não. A hanseníase, assim como as reações hansênicas, não se manifesta com coceira, garante a dermatologista.
Como são as manchas?
As manchas são esbranquiçadas ou avermelhadas, com alteração da sensibilidade, ou seja, dormentes. Podem ser únicas ou múltiplas, diz Aline Valeriano.
Por que se trata de uma doença estigmatizada?
Por trazer deformações no rosto, como o "nariz em sela", que é quando há uma destruição na área.
*Aline Valeriano é médica dermatologista, formada pela Universidade Federal da Paraíba. Tem residência de Clínica Médica pelo Hospital Universitário Lauro Wanderley e especialização em Dermatologia pela Santa Casa de Saúde de Recife. Possui pós-graduação em Procedimentos Minimamente Invasivos pela UECE. Atua na área de Dermatologia, Cosmiatria e Laser em sua clínica no Complexo São Lucas Medical Center, em Sobral. Ensina Dermatologia no curso de Medicina da Faculdade Uninta e é diretora técnica do Hospital Regional Norte, na mesma cidade.