Desde o início da ploriferação global do novo coronavírus, os termos "pandemia" e "endemia" estão sendo bastante utilizados. Em 2020, por exemplo, a pergunta "o que é pandemia?" estava entre as mais pesquisadas do ano em lista divulgada pelo Google Brasil.
Por serem palavras parecidas, os termos podem causar dúvidas sobre quais seriam as diferenças entre eles. Mas, afinal, o que é pandemia e endemia?
Diferença entre endemia e pandemia
A endemia é uma doença de causa e atuação local, que se manifesta com frequência em determinada região, mas tem um número de casos esperado e de padrão estável. A dengue, por exemplo, tem caráter endêmico no Brasil, porque ocorre durante o verão em certas regiões. Já no Norte do país, a Febre Amarela tem atuação frequente e também pode ser considerada uma doença endêmica.
Em informação divulgada pelo Instituto Butantan, Viviane Fongaro Botosso, diretora do Laboratório de Virologia, explica que a endemia ocorre quando a doença é recorrente na região, mas não há um aumento significativo no número de casos e a população convive com ela.
Países tropicais e subdesenvolvidos são os que mais sofrem com doenças endêmicas, consideradas um dos principais problemas de saúde do mundo. A malária, doença infecciosa causada por protozoário do gênero Plasmodium, é um exemplo de endemia presente em mais de 100 países, incluindo o Brasil.
Quando a endemia passa a ser uma epidemia ou pandemia?
Quem define quando uma doença se torna uma ameaça global é a Organização Mundial da Saúde (OMS). A OMS passou a registrar casos da gripe suína ou gripe A, causada pelo vírus H1N1, em todos os continentes, e passou a doença de epidemia para pandemia em 2009.
A peste bubônica ou peste negra, que aconteceu no século XIV e matou de 75 a 200 milhões de pessoas, é considerada uma das maiores pandemias da humanidade. Outro exemplo de pandemia bastante conhecido é a gripe espanhola, que matou de 30 a 50 milhões de pessoas, afetando o mundo inteiro em 1918, durante a 1ª Guerra Mundial.
Como a população pode interferir para o desenvolvimento de pandemias e endemias
Ações de degradação do meio ambiente, como o desmatamento e o derretimento de geleiras, e animais silvestres como fonte de alimentos do homem são fatores que contribuem para a disseminação de vírus, desenvolvendo novos surtos de doenças que podem vir a se tornar endemias ou pandemias.
De acordo com informações do Instituto Butantan, a partir do contato constante entre animais e seres humanos, muitas vezes provocado pela destruição de habitats naturais, um vírus (que, às vezes, nem sabíamos que existia) pode infectar uma pessoa por acidente, ocasionando doença.
Alguns micro-organismos têm a capacidade de sofrer variações conforme sobrevivem na população, como é o caso das novas cepas do SARS-CoV-2 (vírus causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave), muitas delas mais agressivas que a versão original do vírus.
Outro fator a ser considerado é o derretimento das geleiras. Vírus que estavam "adormecidos" podem trazer novamente risco para os humanos. Pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, identificaram dezenas de vírus em duas amostras de gelo retiradas do Planalto do Tibete, na China, em 2021. Neste caso, os pesquisadores encontraram 33 vírus, que foram retidos pelo gelo há 15 mil anos.