Para o organismo humano funcionar corretamente, o iodo é um mineral que se torna indispensável, pois participa da composição de dois hormônios da glândula tireoide: tiroxina e tri-iodotironina. Ele faz parte do desenvolvimento corpóreo, além de agir sobre a maioria dos órgãos e participar de funções no sistema nervoso e cardiovascular.
O desenvolvimento do bócio, doença que causa o aumento da glândula da tireoide (hipotireoidismo), é a principal consequência da falta de iodo, cita a nutricionista Renata Jataí*. A enfermidade se caracteriza por fraqueza muscular, redução na taxa metabólica basal, redução do crescimento, alterações de pele e pelos.
Por essas e outras necessidades, a adição de iodo ao sal de cozinha tornou-se obrigatória para a prevenção das doenças decorrentes da deficiência do mineral, alerta a médica endocrinologista Ivana Melo**.
O que é o iodo?
O iodo é um nutriente presente em alguns alimentos de origem animal, o qual é considerado essencial para manter a saúde e o metabolismo adequado do corpo.
Para que serve?
A principal função do iodo no nosso corpo é participar da composição de hormônios liberados pela tireoide, como a tiroxina e a tri-iodotironina. Esses hormônios são importantes para promover o desenvolvimento dos seres humanos e manter o bom metabolismo do corpo, explica a nutricionista Renata Jataí. “A carência do nutriente por redução do consumo, por exemplo, compromete a formação e liberação desses hormônios”, acrescenta.
Quais os benefícios?
O principal benefício do iodo é manter o metabolismo do corpo adequado através da composição dos hormônios da tireoide, mas, além disso, ele pode ser considerado um nutriente antioxidante que atua combatendo os radicais livres que são prejudiciais para o organismo.
Quais alimentos são ricos em iodo?
As principais fontes de iodo são os alimentos de origem marinha, como peixes e camarão. O leite e os ovos também são considerados boas fontes desse nutriente.
Desde 1982, a população brasileira recebe uma quantidade mínima de iodo no sal, por conta de avanços na legislação aplicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), explica a médica endocrinologista Ivana Melo. “Desde 2013, a adição de iodo ao sal de cozinha equivale a 150 mcg a 450 mcg por cada 10 gramas de sal. A recomendação atual da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de consumir 100 mcg a 150 mcg ao dia, na população geral, e, de 250 mcg ao dia, nas gestantes e mulheres que amamentam”, adiciona a endocrinologista.
Quando começar a suplementar o iodo?
Devido à legislação brasileira que regulamenta uma quantidade mínima de iodo no sal de cozinha, o Brasil não é um país considerado como exemplo de carência de iodo, avalia Ivana Melo. Dessa forma, mesmo nas gestantes, que seria a parcela da população com maior necessidade de aporte de iodo diário, ainda não existe uma recomendação para reposição de iodo, adiciona a endocrinologista.
Quais doenças são causadas pela falta de iodo?
As principais doenças causadas pela redução do consumo de iodo são o bócio e o cretinismo, cita a nutricionista. O bócio é caracterizado pelo aumento da glândula da tireoide, que cresce como resposta do corpo à baixa formação dos hormônios tireoidianos. Os principais sintomas são a redução da temperatura corporal, apatia mental, baixo desempenho cognitivo de crianças e ganho de peso.
Já o cretinismo, detalha Renata Jataí, é causado pela deficiência de iodo durante a gravidez, que é prejudicial para o desenvolvimento cerebral do feto. As crianças afetadas apresentam uma diminuição do seu desenvolvimento intelectual e, em alguns casos, surdez, mudez e estrabismo.
Quais os sintomas de excesso de iodo no organismo?
O excesso de iodo na alimentação pode proporcionar alguns sintomas desagradáveis, detalha a nutricionista, como irritação do trato gastrointestinal, dor abdominal, náuseas, vômito e diarreia. Um aumento rápido no consumo desse nutriente em populações que estavam anteriormente com deficiência pode causar também uma condição chamada de hipertireoidismo induzido pelo iodo, com sintomas que variam entre perda de peso, taquicardia, fraqueza muscular e calor excessivo.
A endocrinologista frisa a ocorrência de doenças autoimunes da tireoide, como a tireoidite de Hashimoto, as quais podem ocorrer devido ao excesso a longo prazo de iodo no organismo.
Qual a relação do iodo com a tireoide?
O iodo participa da composição dos hormônios produzidos e liberados pela glândula tireoide, a tiroxina e a tri-iodotironina, ressalta Renata Jataí. A deficiência desse nutriente pode causar comprometimento na formação desses hormônios, causando problemas de saúde, acrescenta.
*Ivana Melo é médica endocrinologista, formada pela Universidade Federal do Ceara (UFC). Possui Residência de Clínica Médica e de Endocrinologia e Metabologia, além de Mestrado em Ciências Medicas pela UFC. Atua como ginecologista e obstetra em seu consultório em Fortaleza, no bairro Aldeota, e como professora do curso de Medicina no Centro Universitário Christus.
**Renata Jataí é nutricionista formada pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). É especialista em diabetes pelo Programa de Residência Multiprofissional da Universidade Federal do Ceará (UFC). Atua como nutricionista clínica em seu consultório em Fortaleza, no bairro Cocó. Trabalha também como preceptora de estágio supervisionado de graduandos da área da nutrição e como professora do projeto de qualificação de manipuladoras da alimentação escolar do município de Caucaia.