Cálculo renal, doença também conhecida como pedra nos rins, é causada pela formação de substâncias minerais dentro do sistema urinário. O cálculo é comparado com “grãos de areia” que se juntam dentro do rim e formam uma verdadeira pedra.
A principal causas de sua existência são a pouca ingestão de água, deixando a urina muito concentrada, e o consumo de comidas com muito sal e proteínas. Além disso, os cálculos de estruvita são causados por bactérias decorrentes de episódios comuns de infecção urinária.
Trata-se de um problema que atinge crianças, adultos e idosos. A chance de uma pessoa ter um cálculo renal é de 12% na vida, ou seja, uma a cada oito pessoas vai ter um cálculo renal em algum momento, cita o médico urologista Lucas Lima*. Os homens têm um pouco mais de chances do que as mulheres. “Caso você já tenha cálculo renal é importante ser acompanhado por um urologista de sua confiança para prevenir problemas”, destaca o médico.
O que é cálculo renal?
Cálculo renal, nefrolitíase ou urolitíase são os termos médicos para designar as pedras que se formam nos rins ou nas vias urinárias, resultantes do acúmulo de cristais existentes na urina.
Os rins são órgãos de cor vermelho-escuro, em forma de feijão, localizados na região lombar (costas). São responsáveis por filtrar e excretar os dejetos presentes no sangue, descreve o urologista.
“Cálculo renal é uma doença comum e que impacta a qualidade de vida dos pacientes, ocasionando dor (que pode ser debilitante) e desconforto”, diz o urologista. Além disso, acrescenta, pode apresentar complicações infecciosas e perda da função renal, evoluindo para insuficiência e necessidade de diálise.
Tipos de cálculo renal
- Cálculo de ácido úrico: Decorrente de níveis elevados de ácido úrico no sangue devido a fatores genéticos, excesso de proteína e obesidade. É mais comum em homens.
- Cálculo de estruvita: Proveniente de infecções urinárias. Acomete principalmente mulheres.
- Cálculo de cistina: Surge por condições hereditárias causadas pela presença de cistinúria, um tipo de doença renal que provoca excesso e baixa solubilidade de cistina na urina.
- Cálculo de cálcio: Tipo mais comum, o qual acomete principalmente homens entre 20 e 30 anos. É decorrente da ingestão excessiva de proteína de origem animal e sódio.
Quais as causas do cálculo renal?
O fator universal para a formação de cálculo, independentemente do motivo e do tipo, é a baixa ingestão de água, muito comum na sociedade. “Esse problema é ainda mais frequente em nossa região Nordeste, por conta do clima”, avalia o urologista.
Outros fatores que também podem causar pedra nos rins:
- Aumento da ingestão de proteína animal;
- Aumento do consumo de sal;
- Obesidade;
- Sedentarismo;
- Alterações anatômicas;
- Obstrução das vias urinárias;
- Hiperparatireodismo (transtorno hormonal relacionado ao metabolismo do cálcio);
- Imobilização prolongada;
- Presença de doenças inflamatórias intestinais, como a Doença de Crohn;
- História familiar de cálculo renal
Quais os sintomas?
O paciente pode apresentar:
- Dor lombar e em flancos;
- Dor no baixo ventre, irradiando para a região inguinal;
- Urina avermelhada (com sangue);
- Náuseas e vômitos;
- Febre;
- Suspensão ou diminuição do fluxo urinário;
- Necessidade de urinar com mais frequência;
- Dor ao urinar, geralmente “intensa, mas pode ter casos de dores mais leves”, avalia o médico.
Qual o tratamento para cálculo renal?
O tratamento pode ser desde medicamentoso, com remédios para cálculos menores e casos mais simples, à necessidade de cirurgia. Os procedimentos, diz o médico, são "em sua maioria", minimamente invasivos (sem cortes). "Esses procedimentos são seguros e, normalmente, o paciente pode ir de alta no mesmo dia ou no seguinte ao procedimento”, explica Lucas Lima.
“Na avaliação do tratamento adequado para cada paciente são levados em consideração não apenas o tamanho do cálculo (geralmente limita-se a tratamento clínico quando é de aproximadamente 0,8cm), mas também à progressão desse tamanho, intensidade dos sintomas, complicações (por exemplo, quando eles migram do rim para o ureter, o canal que leva urina até a bexiga), dentre outros fatores”, descreve o médico.
Quando há a opção por tratamento clínico e não cirúrgico, utilizam-se medicamentos que dilatam o ureter. Porém esses casos precisam ser selecionados com cuidado, avalia o urologista, tendo em vista que pode haver complicações quando os cálculos não são expelidos, sendo importante reavaliações com frequência pelo especialista (o tratamento pode durar de 4 a 6 semanas em média).
O que é bom para cálculos renais?
Alguns fatores dietéticos ou de suplementação não têm relação com a formação de cálculo, como por exemplo, o leite, apontado por muitos devido à alta concentração de cálcio. O cálcio intestinal fornecido pelo leite, detalha Lucas Lima, se une a outros sais e é eliminado, sendo o leite um fator protetor.
O especialista acrescenta: “Hoje, para prevenção de cálculo renal, temos alguns tipos de medicamentos como o citrato de potássio, porém, são para tipos de cálculos específicos, sendo necessário a investigação da composição do cálculo pelo médico urologista, pois o uso errado da medicação pode piorar o quadro do paciente”.
Quem tem cálculo renal pode tomar creatina?
Não há, até o momento, de acordo com Lucas Lima, estudos que relacionam o uso da creatina ao aparecimento de cálculos renais. “As pessoas acreditam que tomar creatina pode causar pedras nos rins. Isso porque depois de absorvida resulta em uma substância chamada creatinina, excretada pelos órgãos em questão. Porém, hoje não há nenhuma evidência científica que comprove que a creatina causa cálculo renal. Pode ser consumida desde que prescrita e acompanhada por um profissional da área da saúde", adiciona o médico.
Onde e como é a dor de um cálculo renal?
O sintoma clássico do cálculo renal, chamado cólica renal ou cólica nefrética, surge quando uma pedra de pelo menos 4 mm (0,4 cm) fica impactada no rim ou em algum ponto do ureter (tubo que leva a urina do rim à bexiga), causando obstrução e dilatação do sistema urinário, detalha o médico.
A intensidade da dor é variável. Pode ser leve e pouco perceptível ou tão intensa que é necessário uso de medicação intravenosa para alívio, adiciona o profissional. “A cólica renal intensa deixa o paciente inquieto, se mexendo o tempo todo, procurando em vão uma posição que lhe proporcione alívio”, destaca o urologista.
Ao contrário das dores da coluna, que melhoram com repouso e pioram com a movimentação, a cólica renal dói de maneira extrema, não importa o que o paciente faça. Tipicamente, a dor da cólica renal vem em ondas, com períodos de maior e menor intensidade, que podem durar de 20 a 60 minutos.
A maior parte dos pacientes com cólica nefrética apresenta sangue na urina devido à lesão direta do cálculo no ureter, ressalta Lucas Lima. Outros sintomas que podem estar presentes são náuseas, vômitos, dor ao urinar e urgência urinária.
Se a pedra ficar na metade inferior do ureter, a cólica renal pode irradiar para a perna, grandes lábios ou testículos.
Fique atento: a cólica renal costuma ter três fases:
- A dor começa subitamente e atinge seu pico de intensidade em mais ou menos 1 ou 2 horas.
- Após atingir seu ápice, a dor permanece forte por mais 1 a 4 horas, em média, deixando o paciente extremamente inquieto.
- A dor começa a aliviar espontaneamente e ao longo de mais 2 horas tende a desaparecer.
Em alguns pacientes, o processo todo chega a durar mais de 12 horas, caso não procurem atendimento médico.
Também é possível que a pedra consiga atravessar todo o ureter, ficando parada somente na uretra, que é o ponto de menor diâmetro do sistema urinário, diz o médico. Neste caso, a dor ocorre na região pélvica e vem acompanhada de ardência ao urinar e sangramento. Muitas vezes, o paciente consegue reconhecer que há uma pedra na uretra, na iminência de sair.
Qual a melhor água para tomar?
“Em relação à dieta, é necessário reforçar a ingestão hídrica (independentemente do tipo de água) e o baixo consumo de sal. Os sucos cítricos, também em alguns tipos de cálculo, possuem propriedades preventivas”, adiciona o médico.
Qual o tamanho do cálculo renal para cirurgia?
No caso de cálculos, quando cirúrgicos, em sua maioria as operações são feitas por ureterorrenolitotripsia, cirurgia minimamente invasiva (sem cortes), onde o cálculo é fragmentado por laser, normalmente feita para cálculos até 2 cm. Trata-se de uma cirurgia com recuperação rápida, com alta no mesmo dia ou no seguinte, comenta o urologista.
Já para cálculos maiores que 2 cm é feita uma cirurgia chamada nefrolitotripsia percutânea, que é um pequeno corte de 1 a 2 cm, porém com um tempo de internamento mais prolongado (2 dias a 3 dias), detalha Lucas Lima.
“Em casos excepcionais, pode ser necessária cirurgia aberta ou até a retirada do rim. Por isso é importante precocemente procurar o urologista, para prevenir e, se necessário, tratar, ter oportunidade de cirurgias menos invasivas”, acrescenta o médico.
*Lucas Lima é chefe da urologia do Instituto do Câncer do Ceará. Membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia. Preceptor de Urologia do Hospital Geral de Fortaleza. Preceptor de cirurgia Oncológica do ICC. Especialista em cirurgias minimamente invasivas. Formado pela Universidade Federal do Ceará.