Guarda municipal foi morto envenenado pelo advogado

A Polícia Civil afirma que o suspeito estava com R$ 265 mil da vítima e teria gasto parte do dinheiro

Escrito por Emanoela Campelo de Melo - Repórter ,
Legenda: O corpo de José Gonçalves foi encontrado em um matagal, no bairro Manoel Dias Branco. Não havia marcas aparentes de violência
Foto: Foto: José Leomar

O guarda municipal José Gonçalves Fonseca, 51, encontrado morto no dia 8 de março de 2017, em um matagal no bairro Manoel Dias Branco, foi envenenado com 'chumbinho'. De acordo com a Polícia Civil, a substância agrotóxica comumente utilizada para matar ratos, de comercialização proibida no Brasil, foi dada à vítima por seu advogado, Victor Henrique da Silva Ferreira Gomes, de 23 anos.

Na tarde de ontem, o titular da Divisão de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Leonardo Barreto, contou o passo a passo do crime. De acordo com as investigações, um desfalque financeiro que o suspeito deu na vítima motivou a morte. O advogado devia à vítima R$ 265 mil, que tinham sido transferidos para a conta dele, no fim do ano passado, para a conclusão da compra de um imóvel.

A Polícia conta que no dia do homicídio, o guarda municipal e o advogado iriam até uma agência bancária na companhia de um vendedor e um corretor, porque o suspeito disse que comprovaria que parte da quantia estava resguardada e que o restante já havia sido transferida para garantir a compra da casa.

"Chegou um momento em que a vítima quis que o advogado passasse o dinheiro aos vendedores do imóvel. Começou a desconfiar. O indiciado já havia gasto esse dinheiro, inclusive porque estava em uma situação financeira dificultosa comprovada em inquérito. Ele adquiriu um veículo de quase R$ 100 mil com o dinheiro da vítima. No meio das investigações se desfez desse carro na tentativa de ocultar a compra da Polícia", falou o diretor da DHPP.

Conforme o laudo pericial, o guarda foi morto em 6 de março, no mesmo dia que desapareceu. O cadáver foi encontrado dois dias após o assassinato. A Polícia investiga se houve uma asfixia decorrente do uso de uma toalha achada com o suspeito, que foi enviada à perícia para análise de material genético.

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O advogado Victor Henrique da Silva Ferreira Gomes teria agido sozinho no latrocínio, conforme a Polícia 
 
Detido temporariamente desde o dia 23 de março e com prisão preventiva decretada, no último dia 21, Victor Henrique foi indiciado por homicídio e furto qualificados, além de ocultação de cadáver.

O advogado já responde a um procedimento criminal na Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa) por maus-tratos cometidos contra uma criança.

Etapas

A investigação mostra que na tentativa de despistar as autoridades, o advogado comunicou às 23h30 do dia 6 de março que seu cliente havia desaparecido. Inicialmente, Victor Henrique fez com que todos acreditassem que a vítima levava consigo R$ 120 mil em espécie. Assim, o crime se configuraria como um latrocínio, sem que houvesse participação direta dele.

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A vítima era da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF). Ele atuava na Inspetoria de Segurança Escolar

"Ele diz que o último contato feito com o cliente fora ao meio-dia dessa data. As câmeras apontam que o suspeito aparece no banco do passageiro do carro da vítima e depois desse horário já aparece no banco do motorista, sozinho no mesmo veículo", elucida Leonardo Barreto.

O diretor adjunto da Divisão, delegado George Monteiro, relata que, ao comparar a versão do suspeito com as imagens encontradas em câmeras de segurança, há diversas contradições. As imagens recolhidas pelos policiais mostram ainda que na tarde do mesmo dia 6, o advogado foi visto com um pacote nas mãos, o que a Polícia presume ser ou o dinheiro da vítima ou algo relacionado a esta quantia.

"Havia uma relação de confiança entre vítima e suspeito. Ficou comprovado para nós que o advogado já tinha premeditado esse envenenamento. Até o momento, as provas colhidas não apontaram para o envolvimento de outras pessoas no crime", conta Monteiro.

Representando a defesa do suspeito, o advogado Leandro Vasques afirma que há inconsistências a serem apontadas. "A defesa será exercida em toda sua plenitude na fase judicial, onde se valerá do contraditório para refutar as acusações".