Grupo de advogados é investigado por ajudar facções criminosas

Na Polícia Civil, há três inquéritos em fase de conclusão, nos quais são apuradas as condutas dos advogados. Os suspeitos pertenceriam a diferentes núcleos de facções criminosas instaladas no Estado

Escrito por Redação , seguranca@verdesmares.com.br
Legenda: Planos de fugas de presídios cearenses foram descobertos pela Polícia
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

Investigações da Polícia Civil do Ceará apontam que cinco advogados atuavam dentro de facções criminosas auxiliando nas tratativas para o tráfico de drogas e também tentaram ajudar na ação de fuga de detentos encarcerados nas unidades prisionais em Itaitinga. Os suspeitos se distribuíam em diferentes núcleos, sendo responsáveis desde entregas de bilhetes até o monitoramento do veículo que iria auxiliar na fuga.

De acordo com a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), há três inquéritos distintos em fase de conclusão para apurar as condutas dos advogados Alberto Lucas Nogueira Lima, Elisângela Maria Mororó, Rafael Paulino Neto, Lucas Arruda Rolim e Alaor Patrício Júnior. Eles são suspeitos pelos crimes de organização criminosa, associação para o tráfico e tráfico de drogas.

O delegado titular da Draco, Harley Filho, revelou a atuação de cada um dos suspeitos. Alberto e Elisângela seriam cúmplices de um plano que visava ajudar na fuga de líderes de uma facção criminosa. Harley conta que Alberto Lucas era responsável por passar para detentos os detalhes do plano. Um agente penitenciário teve acesso ao bilhete.

"Um agente penitenciário, de forma muito diligente, conseguiu ter acesso a esse papel. O conteúdo mencionava um plano de fuga que dava prioridade à cela 5, onde estariam presentes o 'Barrinha' e 'Tiago Magão'", disse o delegado se referindo ao plano para libertar Francisco de Assis Fernandes da Silva e Francisco Tiago Alves do Nascimento, respectivamente.

A dupla levava uma vida de luxo em Recife, até ser capturada por policiais civis do Ceará, em abril deste ano. A advogada Elisângela Mororó foi presa nessa quarta-feira (13), em Catarina, Município do interior do Ceará. A Polícia Civil teve acesso ao celular da suspeita. No aparelho foram encontradas conversas nas quais ela negociava a venda de cocaína com o chefe de facção criminosa, detido em Rondônia.

Em setembro deste ano, Elisângela teria tentado entrar com um bilhete dentro de um biscoito durante visita a um traficante preso. Primeiro, o papel foi repassado para outro advogado. Alberto teria colocado o bilhete na boca do preso enquanto estavam no parlatório do Centro de Detenção Provisória. O paradeiro de Alberto Lucas Nogueira permanece desconhecido das autoridades.

Negociatas

Em outro núcleo está o advogado Rafael Paulino. Para a Draco, Paulino era responsável por levar e trazer ordens de dentro do presídio. Já sobre Lucas Arruda Rolim, o delegado Harley Filho destaca que ele passou a ser investigado pela Draco após a prisão de uma mulher, em Maracanaú. Identificada como Claudiana, ela foi capturada com um quilo de cocaína e artefatos explosivos.

"Na análise do celular da Claudiana, nós identificamos um diálogo mantido entre ela e o advogado Lucas Rolim, em que ele indagava sobre um veículo para a fuga de um dos presos que era cliente dele. Durante o cumprimento de um mandado de busca, encontramos diversos bilhetes feitos à mão. Casou perfeitamente com o resultado da extração do celular da mulher. Ficou evidenciado que ele tinha a função de articular o interesse dos presos e repassar para o mundo externo", afirmou o delegado Harley Filho.

Já Alaor Patrício Júnior foi preso em setembro deste ano, em Itaitinga. Ele estava com 20 bilhetes contendo mensagens de membros de facções criminosas. Foi solto por decisão da Justiça.

A reportagem entrou em contato com a defesa de Elisângela e dos outros advogados citados, mas até o fechamento desta edição não recebeu resposta. A Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Ceará, informou "que todos os processos administrativos disciplinares do Tribunal de Ética e Disciplina (TED) são sigilosos, só tendo acesso às suas informações as partes, seus defensores e a autoridade judiciária competente".

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