'Deus nos dá força para continuar', diz mãe de menina morta pelo pai; júri é nesta quinta-feira (24)
O julgamento já foi remarcado outras duas vezes. Rodson é acusado de assassinar a própria filha de 9 anos asfixiada, dentro de casa, no ano de 2006
A família da menina Thamires Lima Torres, morta asfixiada aos 9 anos, está na expectativa que o júri do único acusado pelo crime, o próprio pai da criança, aconteça nesta quinta-feira (24). A sessão está agendada para acontecer a partir das 9h, na 1ª Vara do Júri do Fórum Clóvis Beviláqua, onde Rodson Rui de Oliveira Torres deve sentar no banco dos réus.
Anteriormente, o júri estava previsto para acontecer no último dia 17 de julho. No entanto, a defesa do réu não compareceu ao julgamento. "A Justiça de Deus, Deus nos dá força para continuar", diz Sílvia Amélia de Lima Torres, mãe da Thamires, que aguarda há 17 anos pelo desfecho do caso.
O julgamento já foi remarcado outras duas vezes. Rodson é acusado de assassinar a própria filha de 9 anos asfixiada, dentro de casa, no ano de 2006. A reportagem não localizou a defesa do réu.
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De acordo com a assistência de acusação, o réu responde ao processo em liberdade, "levando uma vida normal, certo de que sairá desta impune".
"Eu e os familiares da pequena Thamires estamos muito confiantes que a Justiça dará uma resposta favorável, teremos uma resposta a qual não trará a Thamires de volta, mas que a Justiça do homem se fará. A Justiça de Deus prevalece e nunca nos abandonou , nos carregou até aqui nos dando força para continuar"
A reportagem do Diário do Nordeste apurou que em fevereiro deste ano, um oficial de Justiça tentou intimar pessoalmente o acusado para que ele compareça ao Júri, mas não o localizou.
Marcela Lima, tia da vítima, diz que a família espera que Rodson compareça ao júri: "são 17 anos que aquela noite é lembrada todos os dias nos nossos corações. Era uma criança de nove anos cheia de vida, radiante, que fazia balé, participava do coral. Ela foi tirada da gente e desde então vivemos esperando uma resposta".
ASFIXIA
No dia 3 de junho de 2006, a criança estava em casa, no bairro Henrique Jorge, apenas na companhia do pai. A menina foi encontrada pela mãe, já morta, tendo o pai apresentado a versão de que "ela teria se acidentado se enrolando na rede em que brincava e acabado morrendo sufocada".
A perícia apontou que não seria viável a hipótese do suicídio por enforcamento, principalmente pelos resultados apresentados em laudo cadavérico.
Os machucados no pescoço da vítima "são contínuos, o que não acontece em casos de enforcamento ou acidente quando o peso da vítima faz com que os sulcos sejam ascendentes"
Rodson Rui foi denunciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, com emprego de meio cruel, mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima).
"Verifica-se, portanto, que a verdade foi finalmente trazida à tona: Rodson, que não chegava perto de ser um pai exemplar, como afirmado anteriormente, pôs fim à vida da filha. Tal fato, inclusive, deixou claro o motivo do banho dado em Thamires após sua morte: retirar qualquer indício que pudesse apontar seu executor. A torpeza na atitude de Rodson restou claramente demonstrada, pois este matou a criança pela vileza da pura maldade, para satisfazer sua vontade criminosa e assassina"
Em março do ano de 2019 a Justiça proferiu a sentença de pronúncia. A defesa do réu recorreu da decisão, mas em maio de 2020 a pronúncia (levar o acusado a júri popular) foi mantida.
Agora, os advogados Sarah Suzye, Jéssica Rodrigues e Felipe Kühn, da assistência de acusação, dizem que "a expectativa é de um julgamento justo. Finalmente a família vê a possibilidade de fechar esse ciclo marcado por tanta dor".