O vaqueiro José Pereira da Costa, conhecido como "Zé do Valério", acusado de matar a universitária Daniele de Oliveira Silva, será levado a Júri Popular. A sentença de pronúncia foi proferida, na última quinta-feira (19), pelo juiz Carlos Henrique Neves Gondim, que está respondendo pela Comarca de Pedra Branca. A jovem foi encontrada morta no dia 25 de abril deste ano, com um ferimento no olho esquerdo, em um sítio vizinho ao da família da jovem, na localidade de São Gonçalo, a 15 km da cidade.
Conforme a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), no dia 24 de abril, a vítima estava em casa, no Sítio São Gonçalo, quando foi surpreendida por “Zé do Valério”. O vaqueiro chamou Daniela para fora, apontou uma arma em direção a ela querendo um beijo e um abraço. Com a recusa, ele a obrigou a ir ao matagal. Apesar da luta corporal, a jovem foi estuprada e assassinada. Ela ainda foi atingida por disparos de arma de fogo e pedras. O laudo cadavérico confirmou morte por traumatismo cranioencefálico. Também foi apontado sinais de violência sexual.
A promotoria requereu o recebimento e a autuação da denúncia, pediu que “Zé do Valério” fosse pronunciado e posteriormente condenado pelo Tribunal do Júri por crime de homicídio por motivo torpe, meio cruel e com recurso que dificultou a defesa da vítima. Também considerou se tratar de feminicídio, já que o assassinato foi praticado mediante menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
O magistrado considerou estarem presentes “elementos de convicção bastantes a autorizar o juízo de valor de procedência da acusação e conseguinte necessidade de submissão do acusado ao julgamento popular”. Ainda indeferiu ao réu o direito de recorrer em liberdade, “haja vista que persistem os pressupostos autorizadores da prisão cautelar do mesmo, consoante fundamentado no auto de prisão em flagrante”.
Caçada
Após dois meses do crime e de perseguição em áreas de mata de cidades nordestinas, "Zé do Valério" foi preso no dia 12 de julho, na cidade Buriti dos Montes, no Piauí. De acordo com a Secretaria da Segurança, policiais militares da Força Tática e do serviço reservado na região de Crateús efetuaram a prisão após uma denúncia anônima. Contra ele já tinha um mandado de prisão preventiva em aberto expedido pela Justiça após o crime.
De acordo com a polícia, "Zé do Valério" foi perseguido por diversas cidades, mas ele sempre conseguia fugir pela mata. O vaqueiro sobrevivia nas matas por meio de caça. No último esconderijo, os agentes de segurança que participaram da prisão apreenderam panelas e o material que ele usava para preparar comida.
A prisão foi realizada com ajuda de um morador do município de Buriti dos Montes, no Piauí. O agricultor levou a polícia ao local onde o homem estava escondido. João Elias deu comida ao suspeito por três dias e chegou a colocar remédio para dormir na coalhada de "Zé do Valério", na intenção de capturá-lo.
Se forem contabilizadas as distâncias entre as cidades onde o suspeito foi visto ou abandonou pertences, o resultado é cerca de 279,6 km percorridos em pouco mais de dois meses, parte deles a pé - uma vez que Zé do Valério abandonou a motocicleta no meio do caminho.
O vaqueiro trabalhava no sítio da família de Danielle Oliveira. Ele prestava serviços como vaqueiro e amansando animais.
Danielle era filha de pequenos produtores rurais de queijo e cursava faculdade de Administração. A jovem também era dona de uma pequena loja na cidade.