Suspeitos de participar da tentativa de chacina que deixou dois mortos e 15 feridos, na Barra do Ceará, em Fortaleza, no último domingo (7), já foram moradores da região, segundo testemunhas. Um adulto foi preso pela Polícia e um adolescente, apreendido, nas investigações do tiroteio. Três armas de fogo foram localizadas pelas forças de segurança, sendo que uma delas permitia uma rajada de disparos.
Testemunhas do crime contaram detalhes do que ocorreu naquela noite, por volta de 21h30, à Polícia Civil do Ceará (PC-CE). Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, os relatos convergem para a história de que mais de 100 pessoas comemoravam um aniversário, no Morro Santiago, quando um veículo Chevrolet Prisma, de cor branca, passou pela rua. Quatro ocupantes do automóvel desceram e começaram a atirar para todas as direções.
Houve correria. Idosos, mulheres e crianças participavam da festa. Francisco Cristiano de Oliveira da Silva, de 34 anos, levou um tiro na cabeça e morreu no local.
Outras 16 pessoas foram baleadas e socorridas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Pirambu, o Frotinha do Antônio Bezerra e o Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro de Fortaleza. Porém, um adolescente de 17 anos morreu no Frotinha do Antônio Bezerra. Dentre os sobreviventes, uma mulher se encontrava em estava grave, no IJF, até a noite da última segunda-feira (8). Outros pacientes já receberam alta.
Disputa entre facções criminosas
Pessoas que estavam na confraternização e saíram ilesas afirmaram à Polícia Civil que reconheceram até três suspeitos de participarem do ataque criminoso, pois já moraram na Barra do Ceará e saíram da região após uma facção de origem carioca dominar o território.
Os suspeitos seriam integrantes de uma facção cearense e teriam se mudado para o Parque Leblon, área onde o grupo criminoso domina, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Foi lá no Parque Leblon que a Polícia prendeu João Breno de Araújo Paulino, de 26 anos, e apreendeu um adolescente de 16 anos, por suspeita de participar da tentativa de chacina. Em depoimento aos investigadores, João Breno negou envolvimento com o crime e com a facção criminosa, apesar de reconhecer que mora em uma região dominada pelo grupo criminoso.
No mesmo bairro, policiais apreenderam o veículo e três armas de fogo que teriam sido utilizados na ação criminosa, além de 20 munições. As armas subtraídas são duas pistolas (sendo que uma delas tinha um equipamento que permite uma rajada de tiros) e um revólver.
O titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), Samuel Elânio, afirmou, em coletiva de imprensa na última segunda-feira (8), que os autores do crime "são pessoas que têm uma certa proximidade, sabem como é o dia a dia, a rotina daqueles (rivais). Foram ao local sabendo que estava acontecendo uma festa".
Quanto às pessoas baleadas, o secretário disse que "parte das vítimas tinham envolvimento com crimes e outra parte eram próximas dessas pessoas". "Mas a maioria já tem passagens pela Polícia, inclusive uma delas foi solta e rompeu uma tornozeleira (eletrônica)", especificou.
O secretário acrescentou que, "diante dessas prisões, a investigação está em andamento, está evoluindo bastante, para que outras pessoas venham a ser presas. Foi um trabalho rápido das Forças de Segurança do Ceará, tanto da Polícia Militar como da Polícia Civil. E, agora, vai haver também um trabalho da Perícia Forense".
A prisão em flagrante de João Breno de Araújo Paulino foi convertida em prisão preventiva, pela Justiça Estadual, na última segunda-feira (8). Ele já tinha passagens pela Polícia por roubo e receptação.