Um seminário internacional, que se inicia nesta terça-feira (16) e segue até a próxima sexta (19), discutirá segurança pública e relações de poder, em Fortaleza. Experiências bem sucedidas em segurança pelo mundo e a atuação das facções criminosas no Ceará estão entre os temas abordados no evento.
O 'VII Seminário Internacional Violência e Conflitos Sociais: Relações de Poder e Segurança Pública' é realizado em homenagem ao aniversário de 30 anos do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), da Universidade Federal do Ceará (UFC). Professores, pesquisadores e escritores de reconhecimento local, nacional e internacional estão entre os convidados. O evento é aberto ao público.
A Conferência de Abertura do evento terá a apresentação dos trabalhos 'En la sombra de la solana: violencias económicas y economía de la violencia en los asentamientos informales de Soacha (Colômbia)', da professora da Université Lyon 2, na França, Tiphaine Duriez; e a 'A hora do show: a política de insegurança pública no Brasil', do professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Lourenço Cardoso.
A discussão será mediada pelo fundador e integrante do LEV, o professor e sociólogo César Barreira. "Os pesquisadores do Laboratório e estudantes de doutorado e mestrado vão apresentar seus trabalhos, e também vamos ter a oportunidade de ter uma interlocução com pesquisadores de outros estados, como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Rio Grande do Sul. E também pesquisadores internacionais, da França, Inglaterra e Venezuela", destaca.
Diagnóstico dos problemas de segurança
Barreira afirma que esse é um momento da Universidade fazer um diagnóstico da segurança pública e elaborar estratégias para colaborar na melhoria da sensação de insegurança que os cearenses sentem, na Capital e no Interior.
"Em Fortaleza, tem um dado que é muito importante para nós sociólogos, que tem bairros, como Meireles e Aldeota, que os índices são praticamente de primeiro mundo. E, mesmo assim, as pessoas se sentem inseguras. Então, qual é a relação entre a violência real e a sensação de insegurança?"
O Seminário contará ainda com nove mesas de discussão, durante a semana. Entre os convidados estão a secretária de Direitos Humanos do Ceará (SDH), Socorro França; a coordenadora do Centro de Defesa da Criança e Adolescente do Ceará (Cedeca), Mara Carneiro; e o diretor da Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (Aesp), Leonardo Barreto.
Uma das temáticas exploradas pelo evento é a atuação de facções criminosas no Ceará. O sociólogo César Barreira acredita que é necessário entender o funcionamento dos grupos criminosos armados. "Nós temos que compreender essas facções. Quais são os líderes, como atuam, quais áreas elas penetram mais fácil? As facções, que vinham no Rio de Janeiro e São Paulo, ficavam localizadas apenas nas grandes cidades, mas hoje também têm nas pequenas cidades. Nós não podemos naturalizar o crescimento dessas facções, temos que enfrentar. Por isso, a importância do trabalho de inteligência, para mapear essas lideranças", conclui.