Sargento da Polícia Militar é denunciado pelo MPCE por manter a mulher em cárcere privado no Cariri

O militar teria ainda ameaçado a vítima; um procedimento disciplinar na seara administrativa foi aberto contra ele

Um sargento da Polícia Militar foi preso no último 25 de julho, após manter a ex-mulher em cárcere privado, mediante ameaça. Conforme a Corporação, o militar segue detido no Presídio Militar e um inquérito foi aberto contra ele. O PM, identificado como Darlan Mariano da Silva, foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), no último 6 de agosto, por cárcere privado e também por crime previsto na Lei Maria da Penha.

Segundo publicação do Diário Oficial do Estado (DOE), da última sexta-feira (9), Darlan Mariano da Silva, utilizou uma arma de fogo e "teria ameaçado e expulsado de casa sua companheira e seus dois filhos, jogando os pertences deles no meio da rua". O caso foi registrado no último 14 de julho, no bairro José Geraldo da Cruz. A mulher, então, solicitou medida protetiva contra o PM e, 7 dias depois, foi mantida em cárcere privado na antiga residência do casal quando foi buscar os documentos. 

Conforme a PMCE, a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) também instaurou procedimento disciplinar na seara administrativa.

Darlan já responde por homicídio, ocorrido em 2017, e uma tentativa de homicídio, ocorrida em 2020. No primeiro caso, o PM é acusado de matar a tiros a vítima Andrew José Lima. Conforme o MPCE, o crime foi motivado por "desavenças anteriores, ocorridas em uma quadra de futebol situada no bairro Frei Damião", em Juazeiro do Norte.

Já em relação à tentativa de homicídio, o caso ocorreu no dia 25 de março de 2020, por volta de 20h, na Rua Francisco Martins de Souza, bairro João Cabral, em Juazeiro do Norte. Darlan Mariano atirou em Teófilo José Vitorino Travassos da Silva, "não alcançando seu intento assassino por razões alheias à sua vontade".

Cárcere privado

Conforme denúncia do MPCE, a qual a reportagem teve acesso, Darlan manteve a ex-companheira em cárcere durante os dias 21 e 25 de julho. Além de a ter ameaçado "causar-lhe mal injusto e grave". 

Na Delegacia, a vítima informou que viveu por 23 anos com Darlan e estava separada dele há uma semana quando foi vítima do PM. A mulher estava morando com a mãe dela, quando retornou a antiga residência para buscar documentos. 

"Nesse momento, o Denunciado impediu sua saída, trancando as portas e ameaçando-a de morte com uma faca, afirmando: 'se você sair daqui, eu te mato'. A vítima relatou que o Acusado é usuário de drogas há muito tempo, inicialmente de cocaína e, atualmente, de crack, substância que consome diariamente há cerca de dois meses, e que, no período em que a ofendida estava mantida em cárcere, quando seu filho ligava, o Denunciado respondia que estava tudo bem e obrigava a vítima a confirmar rapidamente que estava bem e retornaria para casa", diz documento. 

A vítima ainda relatou que durante os quatro dias que foi mantida sem liberdade só obteve acesso a uma refeição de "quentinha" e não se alimentou. Ela também relata que bebeu água quente da corneira, por não haver água potável. 

Após quatro dias, a mulher foi resgatada por agentes da Polícia Militar, que prenderam Darlan. O militar teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva pelo Poder Judiciário.