O promotor de Justiça Antônio Ricardo Brígido Nunes Memória, de 66 anos, deve ser interrogado na manhã desta sexta-feira (26), acerca de um homicídio pelo qual é suspeito. A expectativa é que o promotor preste esclarecimentos acerca do que o motivou a cometer o crime, já que na delegacia, instantes após o flagrante, exerceu o direito de permanecer em silêncio.
Antônio Ricardo pode ser ouvido na Sede da Procuradoria Geral de Justiça, localizada no Cambeba, ou na 4ª Companhia do 1º Batalhão dos Bombeiros Militares, no José Walter, onde ele segue detido em uma sala de estado maior. Caso opte por ir ao Cambeba, a locomoção e a segurança deve ficar a cargo da própria Procuradoria, por meio da Assistência Militar.
Quem também passará por interrogatório nesta sexta é a esposa do suspeito. A mulher, de identidade preservada, será ouvida às 9h. Até o momento, a linha de investigação adotada aponta que o crime foi motivado por uma traição da mulher, que supostamente se relacionava com a vítima Durval César Leite de Carvalho, de 72 anos.
O crime aconteceu no dia 18 deste mês de agosto, em uma residência do bairro Cidade dos Funcionários. Consta nos autos que o suspeito conseguiu ter acesso à casa da vítima após ter dito a um dos filhos de Durval que era amigo do pai dele.
Policiais militares que participaram da prisão em flagrante teriam ouvido do promotor que ele “alvejou uma pessoa por causa de uma traição”. Antônio Ricardo teria dito aos militares, no momento em que foi abordado, que não premeditou a ação, e que o disparo aconteceu porque a vítima “estava tendo um caso com a sua esposa”.
INVESTIGAÇÃO
A reportagem do Diário do Nordeste apurou que a viúva do idoso autorizou o acesso ao conteúdo do celular dela, para fins de investigação. Filhos de Durval e três policiais militares também já prestaram depoimentos. Os interrogatórios e a perícia são parte do Procedimento Investigatório Criminal (PIC) aberto pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) para investigar o homicídio.
A previsão legal do órgão é que a investigação seja concluída e remetida ao Poder Judiciário em até 10 dias. Enquanto isso, o promotor segue detido preventivamente.
Magno César Carvalho, filho da vítima, diz que a família não entende o motivo do crime e pede Justiça para o caso: "Não sabemos de onde veio essa mágoa. Nós queremos que ele seja punido, ele tirou a vida de uma pessoa".
"A gente espera que a Procuradoria não deixe isso impune. Ele precisa ficar preso, pagar pelo que fez. Me pergunto como alguém tão capacitado faz uma coisa dessa? Precisa ser excluído da sociedade, precisa ser excluído dos quadros do MP", pede o filho de Durval.
Com Antônio Ricardo foram apreendidas duas armas de fogo, uma pistola Taurus 9mm e um revólver Taurus calibre 38.
DETIDO EM QUARTEL
O local onde o promotor segue detido é vigiado, mas não tem grades. O compartimento tem quase 15m², aparelho televisor, cama, chuveiro e ventilação. "É um quarto usado por oficiais dos bombeiros em outros períodos", explica o advogado de defesa, Walmir Medeiros.
Antônio Ricardo tem exclusividade no compartimento e está proibido de usar celular. O espaço é destinado à prisão daqueles que têm prerrogativa de foro. Além de detido, o promotor segue afastado das funções por 120 dias (ou seja, 4 meses).