Polícia cearense apreendeu 34 toneladas de drogas nos últimos quatro anos

Apesar do alto número, o Estado registra uma queda na apreensão de entorpecentes pelo terceiro ano seguido, na comparação com o ano anterior

Operações policiais em residências ou flagrantes nas estradas, aeroportos e portos. A vigilância policial levou à apreensão de pelo menos 34 toneladas de drogas, no Ceará, nos últimos quatro anos (de 2020 a 2023), segundo dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e da Polícia Federal (PF).

Apesar do alto número, o Estado registra uma queda na apreensão de entorpecentes pelo terceiro ano seguido, na comparação com o ano anterior. Em 2020, as Forças de Segurança Estaduais e Federais somaram 10.747,09 kg de drogas apreendidos; em 2021, 10.717,46 kg; em 2022, 8.183,16 kg; e em 2023, conforme dados parciais (números de novembro ainda são contabilizados e o mês de dezembro ainda não chegou à metade), 4.948,71 kg.

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O secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, Samuel Elânio, pondera que, "não necessariamente o fato dessa diminuição de apreensão de drogas significa um menor empenho das forças policiais. Até porque tivemos um aumento das prisões de pessoas envolvidas por tráfico de drogas".

Bem como essa maior integração das Forças de Segurança Pública do Ceará com outros estados fortalece o trabalho nas divisas. Nós já temos o BEPI (Batalhão Especializado de Policiamento do Interior), que, através do Comando de Operações de Divisas, consegue ter um melhor fechamento das divisas do Ceará. E, consequentemente, a gente consegue evitar que a droga entre. Acaba tendo uma menor apreensão de drogas, fruto da ostensividade."
Samuel Elânio
Titular da SSPDS

Foi assim que policiais militares do Batalhão de Polícia de Trânsito Urbano e Rodoviário Estadual (BPRE) realizaram a abordagem a um veículo suspeito e apreenderam 355 kg de maconha, no Km 96 da CE-350, no Município de Cascavel, na última terça-feira (5). O motorista foi preso em flagrante.

Sobre as apreensões de drogas registradas pela Polícia Federal (que apresentam queda apenas nos últimos dois anos), o delegado Regional de Polícia Judiciária da PF, Alan Robson Alexandrino Ramos, afirma que "o trabalho (neste ano) é o mesmo. Há um trabalho ostensivo, de inteligência, investigativo, que é contínuo e gera bastante apreensão. O que não houve em 2023 foi uma grande apreensão. Ainda temos alguns dias, trabalhamos todos os dias para ter".

"Em 2022, numa embarcação pesqueira que ia para a Europa, houve uma grande apreensão, de mais de uma tonelada de drogas. Em 2021, uma grande apreensão que ficou famosa, em um jatinho que ia para a Espanha, também mais de uma tonelada. E a Polícia Federal trabalha nacionalmente. Em setembro (de 2023), na costa entre o Ceará e Pernambuco, foram apreendidas mais de três toneladas de cocaína, mas o flagrante foi registrado em Pernambuco e não entrou nos nossos números", exemplifica o delegado federal.

Apreensões de cocaína e maconha

Os números de apreensões de drogas divulgados pela Secretaria da Segurança Pública e pela Polícia Federal mostram uma oposição. A primeira, que engloba as polícias Civil (PC-CE) e Militar do Ceará (PMCE), apreende mais maconha. Já a segunda, que registra apreensões próprias e a maioria realizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), contabiliza uma maior subtração de cocaína.

O delegado federal Alan Robson explica que "a Polícia Federal atua com foco constitucional e legal no tráfico internacional". "Nós temos policiais nos portos e aeroportos. A cocaína é um produto que tem um valor de mercado mais alto. E aqui, Fortaleza, é uma área de passagem. Então, é o produto ilícito que mais nos aparece, principalmente nos portos e aeroportos", acrescenta.

Já as Forças de Segurança Estaduais se voltam principalmente para interromper o tráfico de drogas que ocorre dentro do território cearense, onde prevalece a circulação de drogas derivadas da Cannabis (maconha e haxixe - uma espécie de "maconha mais potente", como definem as autoridades).

"Existe hoje uma integração muito forte das inteligências. Da própria Secretaria da Segurança Pública (a Coordenadoria de Inteligência - Coin), do DIP (Departamento de Inteligência Policial) da Polícia Civil e da ASINT (Assessoria de Inteligência) da Polícia Militar. Essa troca de informação faz com que, havendo qualquer indício suspeito de transporte de droga, essa comunicação chega muito rápida a quem está na ponta. Para que a gente consiga fazer o trabalho ostensivo, a abordagem. Bem como existe o trabalho da Denarc (Delegacia de Narcóticos), que tem um trabalho mais complexo, de investigação", define o titular da SSPDS, Samuel Elânio.

Para evitar o tráfico interestadual de drogas e outros crimes, o Ceará se alia a outros estados nordestinos, para "fazer uma espécie de 'fechamento do Nordeste', para que esse fluxo de pessoas envolvidas com o crime e veículos seja rapidamente comunicado, para a gente fazer um combate mais rápido, incisivo e direto", revela o secretário. Já há parcerias de troca de informações e acesso a sistemas com a Paraíba e Rio Grande do Norte e tratativas com Pernambuco, Piauí e Sergipe.

Rotas do tráfico de drogas

Os entorpecentes que chegam ao Ceará vêm de outros países da América do Sul e tem como principal destino, além do mercado interno, o envio para a Europa. "A rota tem origem na Colômbia, Peru e Bolívia, são países conhecidamente produtores. Pode passar pela Amazônia e vir para o Ceará ou ter outros destinos, Belém, outros pontos do Nordeste ou mesmo os grandes portos do Sudeste", detalha o delegado Regional de Polícia Judiciária da PF, Alan Robson Alexandrino Ramos.

Outra possibilidade, segundo o investigador, é essa droga passar pelo Paraguai e pelo Estado do Mato Grosso, antes de escoar para São Paulo ou para o Nordeste. Quanto ao destino da droga que sai do Ceará por portos e aeroportos, o delegado afirma que é "eminentemente a Europa, para países diversos. Estados Unidos e África também, mas menos".

O destino da droga apreendida é a incineração, após autorização judicial. Na última sexta-feira (8), a Polícia Civil incinerou 1,2 tonelada de drogas, provenientes de 238 inquéritos policiais instaurados entre os anos de 2019 e 2023. Neste ano, a Instituição já incinerou 2,7 toneladas de entorpecentes.