Operação da Polícia Civil contra lavagem de dinheiro no CE obtém bloqueio de R$ 18 milhões em contas

O principal alvo da Operação Reditus é um casal, natural de São Paulo, que morava em Aquiraz, suspeito de aplicar golpes

Um casal de São Paulo foi preso em flagrante nessa quinta-feira (10), em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), suspeito de lavagem de dinheiro. Com eles, e outros investigados na "Operação Reditus", foram apreendidos cordões, pulseiras e anéis de ouro, além de veículos, notebooks e celulares.

Os detalhes da operação foram compartilhados pela Polícia Civil do Ceará nesta sexta-feira (11), em coletiva de imprensa.

"Começamos uma investigação contra um casal de São Paulo por lavagem de dinheiro. [...] Na hora de desencadear a operação, no cumprimento de mandados de busca e apreensão, de sequestro de bens, acabamos efetuando uma prisão em flagrante e descobrindo uma verdadeira organização criminosa que praticava fraudes bancárias a partir de imóveis alugados em condomínios de luxo na RMF, Aquiraz e Eusébio", disse o secretário estadual da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Roberto Sá.

De acordo com o secretário, o flagrante foi "quase cinematográfico", dada a complexidade da operação e a tentativa dos criminosos de fugir e destruir provas.

Investigação

A investigação teve início há um ano, quando policiais civis identificaram um homem de 34 anos, suspeito de lavar dinheiro em âmbito nacional. Ele seria proprietário de várias empresas fantasmas, a exemplo de uma produtora musical e uma locadora de veículos em São Paulo e uma empresa de reciclagem de fluidos de óleo em Fortaleza.

A esposa do suspeito também administrava duas empresas de fachada, sendo uma loja de artigos femininos na capital paulista e uma clínica de estética no Eusébio, na RMF.

Todo o dinheiro aplicado nessas empresas, segundo a Polícia, era oriundo de fraudes bancárias que estavam sendo praticadas no Ceará há cerca de um ano. As fraudes, inclusive, se "utilizavam" de mulheres vindas de São Paulo para atuar como "telefonistas" e "operadoras" em uma falsa central de atendimento ao cliente que fazia vítimas em todo o Brasil.

"Eles [o grupo criminoso] utilizavam vários mecanismos para que essa fraude ocorresse, através de mensagens e ligações telefônicas, em que o criminoso manda mensagens ou telefona no intuito de que a pessoa que receba [a mensagem ou o telefonema] passe informações de suas contas bancárias ou pessoais", detalhou o delegado-geral da Polícia Civil, Márcio Gutierrez.

As vítimas eram de todo o País. O grupo apenas escolheu o Ceará para morar por "ser um local agradável", ressaltou o delegado Jailton Rodrigues, responsável pelo caso.

No total, oito pessoas foram presas, sendo sete de São Paulo. Além disso, a Polícia conseguiu obter decisões judiciais que bloquearam R$ 18 milhões em contas bancárias dos suspeitos.

Flagrante 'cinematográfico'

Segundo a SSPDS, durante a abordagem aos suspeitos em Aquiraz, os alvos tentaram fugir pulando a janela do imóvel e se escondendo no telhado da cobertura. Eles também tentaram se livrar de provas arremessando celulares pela janela, mas os objetos foram recuperados pela Polícia.

Todos foram levados para a delegacia e autuados em flagrante por integrar organização criminosa e pelas práticas de furto qualificado de fraude eletrônica e estelionato.

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suspeitos foram presos em flagrante. Mandados de busca e apreensão e de sequestro de bens móveis e imóveis também foram cumpridos pelos policiais, em Aquiraz. Além do valor bloqueado nas contas bancárias, foram apreendidas joias, celulares e notebooks.

A operação foi coordenada pela Delegacia de Combate à Lavagem de Dinheiro (DCLD) e contou com o apoio do Departamento de Recuperação de Ativos (DRA).