MP descarta tentativa de homicídio e acusa de lesão corporal motorista que atropelou 4 pessoas no CE

O homem foi preso em frente a uma boate, no bairro Aldeota, em Fortaleza

O Ministério Público do Ceará (MPCE) não denunciou Ângelo Victor Braga do Nascimento, de 18 anos, preso em frente a uma boate, na Aldeota, por tentativa de homicídio. Para a acusação, o episódio que resultou no atropelamento de quatro pessoas se tratou de uma lesão corporal, crime com pena aproximada de um ano de detenção, conforme o Código Penal Brasileiro.

Ângelo estava visivelmente embriagado, conforme policiais que atenderam a ocorrência, e foi detido em flagrante, no último dia 28 de julho. De acordo com a denúncia da 20ª Promotoria de Justiça Criminal enviada ao Judiciário nessa sexta-feira (9), o jovem, que sequer tinha carteira de habilitação, também foi denunciado conforme o Código de Trânsito Brasileiro por "conduzir veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima".

A reportagem teve acesso à peça acusatória, na qual consta que "o denunciado agiu com dolo para o alcance do primeiro crime, no caso, tentativa de lesão corporal de cunho intencional, e com culpa (imprudência) para o alcance dos crimes subsequentes, no caso, de lesão corporal culposa em direção de veículo automotor qualificada pelo consumo de álcool e resultado lesão grave (três vítimas)".

Uma das vítimas está com suspeita de traumatismo craniano

Para O MP, não há que se falar em Acordo de Não Persecução Penal em relação ao Denunciado "ante a soma das penas dos delitos a si atribuídos" e "considerando a quantidade de vítimas".

Por nota, a defesa do denunciado disse que "reafirma que a acusação de lesão corporal dolosa é infundada e não corresponde à verdade dos fatos".

"A defesa apresentará testemunhas que poderão confirmar a versão dos acontecimentos e demonstrar a improcedência da acusação. Reiteramos a confiança na Justiça e solicitamos a todos que respeitem o princípio da presunção de inocência, assegurado pela Constituição Federal, até que todos os fatos sejam devidamente apurados e julgados"
Vicente de Paulo, Mario Alex e Andre Cândido,
advogados da defesa

DISCUSSÃO DENTRO DA BOATE

Ângelo teria protagonizado uma discussão dentro da boate onde estava, instantes antes do atropelamento. Conforme testemunhas, primeiro, o jovem chegou a tentar atropelar um desafeto específico, que estava a pé, na saída da casa de shows. 

A defesa do suspeito nega que tenha havido qualquer atropelamento intencional e diz que " Ângelo Victor deseja auxiliar as vítimas e reparar os danos".

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o suspeito foi autuado em flagrante após apresentar resultado positivo para a presença de álcool no sangue. A reportagem apurou que já na delegacia,  Ângelo disse aos policiais que estava bebendo uísque dentro da boate e tinha se sentido mal.

Na versão do suspeito, ele saiu do estabelecimento e foi agredido por dois homens.   Ângelo disse que entrou no carro para se desvencilhar das agressões, bateu no meio fio e capotou. 

Ainda segundo a versão do preso, ele não lembra de mais nada do episódio, só tendo acordado ao ser retirado do veículo por bombeiros. Há informações de que dentre as vítimas há um homem que trabalhava como motorista de aplicativo, no momento do crime.