Familiares da atendente de telemarketing Maria Joyciane Ferreira da Silva, 20 anos, morta no último sábado (21) ao ser "prensada" por um ônibus na entrada do Terminal do Siqueira, na Capital, pedem justiça e cobram a responsabilização do caso.
Sob forte comoção, o corpo da jovem foi sepultado na manhã desta segunda-feira (23) em Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza.
"A gente perdeu nossa filha por crueldade, não precisava ter sido desse jeito. Ele [motorista] poderia ter evitado, a minha filha foi morta cruelmente, ela ainda pediu socorro e ele não parou, a gente quer justiça para que isso não aconteça mais, para que outra família não venha a sofrer o que a gente tá sofrendo", disse Samara Lúcia Rodrigues Ferreira, uma das tias de Joyciane, que a criou como filha.
Segundo esclareceu Maura Lúcia Ferreira - tia também identificada como mãe, a ocorrência se deu quando Joyciane saía do terminal para pegar outra condução na Avenida General Osório de Paiva, com destino à Maranguape, onde morava.
A família questiona a direção perigosa por parte do motorista do ônibus e pede que o profissional seja afastado das funções.
"O ônibus quando vem não precisa passar rasgando aquela grade, e ele passou rasgando, machucando ela. Porque ele não parou? ela é um ser humano", disse Maura. "É uma irresponsabilidade muito grande, ele tem que pagar pelo que ele fez, não tem condição de dirigir ônibus", acrescenta Maria Euziane Martiniano , mãe biológica da vítima.
Sem assistência
Os parentes alegam, ainda, que não receberam qualquer assistência da empresa de ônibus responsável pelo veículo e do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus).
"A gente que ligou para falar com o Sindiônibus e disseram que era pra falar com a Socicam, que era quem estava dando assistência, mas até agora nada, nenhuma ligação", acrescenta o motorista César de Souza, amigo da família.
Neste domingo (22), o Sindiônibus disse por nota "prestar condolências" pelo ocorrido, destacando que acompanhará a apuração do caso.
Sobre o procedimento adotado com o motorista, a reportagem solicitou novos esclarecimentos nesta segunda-feira (23). Em nota, o Sindiônibus informou que a "empresa envolvida é que avalia quais medidas tomar" sobre o caso, que é acompanhado pelo sindicato.
Sobre os profissionais da área, a entidade disse "que todos os motoristas passam por um processo seletivo rigoroso, além de treinamentos teóricos e práticos, com experiências vivenciais para sensibilização e aprendizado".
"Esses treinamentos abrangem a direção defensiva, a atenção no trânsito especialmente com ciclistas e pedestres, a direção econômica, o atendimento aos clientes, entre outros temas relevantes para a função", diz o texto.
Investigação
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que a Polícia Civil do Ceará "apura as circunstâncias da morte" de Maria Joyciane.
Os primeiros levantamentos sobre a ocorrência foram feitos por equipes do Corpo de Bombeiros e da Perícia Forense (Pefoce).
"O caso foi registrado no 30º Distrito Policial (DP) e transferido para o 5º Distrito Policial (5º DP), unidade que dará prosseguimento às investigações", concluiu a SSPDS.