Julgamento de educador físico por matar esposa a facadas em Fortaleza é marcado pela Justiça

O júri popular deve decidir se o réu deve ser condenado ou inocentado da acusação de feminicídio e se ele sofre de insanidade mental, dez meses depois do crime

O julgamento do educador físico Antônio Márcio Ribeiro Parente e Silva, de 49 anos, pelo assassinato a facadas da própria esposa, Cristiane Lameu e Silva, 45, em Fortaleza, foi marcado pela Justiça Estadual para acontecer ainda neste ano de 2024. O crime aconteceu na residência do casal, no dia 31 de janeiro último.

Em decisão emitida nesta quinta-feira (22), a 3ª Vara do Júri de Fortaleza determinou a realização do júri popular no dia 1º de outubro deste ano, a partir de 9h30. O ato visou "promover uma célere e regular tramitação processual, desburocratizar atividades de trabalho e garantir efetividade na prestação jurisdicional", segundo o documento judicial.

O juiz Fábio Rodrigues Sousa já tinha decidido arquivar o incidente de insanidade mental, ingressado pela defesa, no dia 8 de agosto último, o que permitiu a marcação do julgamento. O magistrado também tinha determinado, no dia 12 de junho deste ano, que a possível insanidade mental do réu deve ser julgada pelo júri popular (formado por sete pessoas) - que também irá analisar se o réu deve ser condenado ou inocentado da acusação de feminicídio.

Antônio Márcio ia a julgamento pelo feminicídio, na 3ª Vara do Júri de Fortaleza, no último dia 30 de abril, mas o júri foi adiado e o processo foi suspenso, em razão do Incidente de Insanidade Mental, requerido pela defesa do réu no dia 4 daquele mês.

Familiares de Cristiane Lameu enviaram nota à reportagem afirmando que estão "confiando na justiça e no júri que será convocado, de que não irão se dobrar à estratégia da defesa do réu de que ele sofre de transtornos mentais, uma vez que esteve em um relacionamento com a vítima por mais de 20 anos e nunca fez nenhum tipo de tratamento ou teve sua sanidade mental questionada por familiares, amigos e alunos que ele atendia como personal".

"Que a justiça seja feita e que ele pague pelo crime bárbaro e cruel que cometeu", completa a nota dos familiares da vítima.

A defesa do réu foi procurada pela reportagem na última quinta-feira (22), mas não emitiu resposta até o fechamento desta matéria.

Como aconteceu o crime

Antônio Márcio Ribeiro Parente e Silva foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará, no dia 6 de fevereiro último, por homicídio qualificado (do tipo feminicídio, por motivo torpe, utilização de meio cruel e praticado na presença de descendente da vítima) contra Cristiane Lameu e Silva. O crime aconteceu na residência do casal, no bairro Luciano Cavalcante, em Fortaleza, no dia 31 de janeiro deste ano.

Conforme a denúncia, seis meses antes do crime, Cristiane decidiu se separar de Antônio Márcio, mas o homem não aceitava o término do relacionamento e continuava a morar com ela. A vítima comentou com familiares que sofria violência psicológica do companheiro.

Na manhã do dia 31 de janeiro deste ano, o acusado, "premeditando sua conduta, pediu que o filho de 11 anos que entrasse dentro de um carro que estava na garagem do imóvel em que residiam e também pediu que a criança colocasse os fones de ouvido", segundo o MPCE.

Ato contínuo o réu se apossou de uma faca e passou a desferir diversos golpes contra a vítima. A vítima gritou por socorro, o que fez com que vizinhos acionassem a polícia. Quando a polícia chegou ao local, o filho do casal abriu o portão da residência, ao que os policiais encontraram a vítima morta na garagem do imóvel."
Ministério Público do Ceará
Na denúncia

A Polícia prendeu Antônio Márcio em flagrante e apreendeu, na residência, uma faca tática que teria sido a utilizada no crime, duas armas de fogo, uma espada e um bastão de ferro retrátil. A Perícia Forense do Ceará (Pefoce) identificou que Cristiane Lameu sofreu 41 facadas em diversas partes do corpo.