A Polícia Civil do Ceará (PCCE) monta um quebra-cabeça para entender como Francisco Aurélio Rodrigues de Lima, de 41 anos, entrou no Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro de Fortaleza, na última terça-feira (23), e matou e decapitou o funcionário Francisco Mizael Souza da Silva, 29. Em seguida, o criminoso despistou um vigilante e fugiu do hospital, mas foi preso poucas horas depois.
Imagens obtidas pelo Diário do Nordeste mostram o suspeito entrar no IJF por uma catraca, na posse de uma mochila (onde estava a arma de fogo), sem abordagem, por volta de 8h35. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) divulgou que o homem entrou no hospital a partir do reconhecimento facial, mesmo tendo sido demitido há quase dois anos.
Testemunhas ouvidas pela Polícia Civil disseram que viram Francisco Aurélio no IJF outras vezes, após a demissão. O Instituto Doutor José Frota foi questionado pela reportagem, através da assessoria de comunicação, sobre essa informação. Entretanto, o Órgão informou que não irá se manifestar durante a investigação policial.
Francisco Aurélio trabalhou no hospital como copeiro, entre 2018 a outubro de 2022, e conhecia o prédio. Câmeras de segurança do IJF mostram o autor do homicídio seguir por uma rampa, em direção ao refeitório. Nesse caminho, ele retira um equipamento em que estaria a arma de fogo.
Logo em seguida, Aurélio visualiza Mizael de costas, limpando o chão de um corredor. Ele vai até o encontro da vítima, abre uma porta e começa a atirar. Mizael corre, e Aurélio o persegue, efetuando outros disparos, que atingem o zelador.
Mesmo baleado, Francisco Mizael corre até a cozinha, para procurar abrigo. Outros funcionários ouvem os tiros e também correm para se esconder. Outro zelador também foi baleado de raspão no braço e precisou passar por cirurgia.
Mizael chega na cozinha, mas o assassino também vai até o local. Lá, a vítima escorrega e cai no chão. O assassino pega uma faca e decapita o ex-colega de trabalho.
Vigilante encontra criminoso
Após terminar de cometer o crime, Francisco Aurélio fugiu pelos corredores do IJF. Um vigilante do hospital contou à Polícia Civil que, ao ouvir os tiros, correu para a cozinha e se deparou com um homem de boné e calça azul, camisa vermelha, com o braço sujo de sangue, o qual limpava.
Entretanto, o vigilante não sabia que o homem que encontrara era o autor dos disparos. Aurélio ainda teria despistado o funcionário, ao passar por ele e dizer que "acabaram de matar um lá dentro". O vigilante se direcionou à cozinha, enquanto o assassino fugiu.
Outras imagens mostram Aurélio sair por um portão do IJF, acessar um estacionamento e, por fim, atravessar e quebrar uma catraca. O suspeito foi localizado na tarde daquela segunda-feira, em um sítio no Distrito de Patacas, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Prisão preventiva decretada
A Justiça do Ceará decidiu converter em prisão preventiva a prisão em flagrante de Francisco Aurélio Rodrigues de Lima, por suspeita de matar e decapitar um copeiro do Instituto Dr. José Frota (IJF), dentro do hospital. A decisão foi proferida em audiência de custódia realizada na 17ª Vara Criminal de Fortaleza, na última quarta-feira (24).
Conforme a Polícia, Francisco Aurélio baleou e decapitou a vítima na cozinha da unidade de saúde, motivado por ciúmes, pois a namorada do suspeito também trabalhava no hospital. Um zelador do hospital também foi baleado de raspão no braço, na ação criminosa, e precisou passar por cirurgia, mas está bem.
Em depoimento à Polícia, a mulher confirmou que mantinha um relacionamento com Francisco Aurélio há cerca de um ano e meio e que ele sentia ciúmes dela não só com a vítima, como também com outros funcionários do IJF.
Segundo o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), também pesou na decisão de decretação da prisão preventiva, da juíza Carla Susiany Alves de Moura, o fato de que há outros registros de procedimentos criminais em desfavor do suspeito, sendo um por desacato, em andamento na Vara Única da Comarca de Aracoiaba; e outro de medidas protetivas de urgência, já arquivado.